Saudações, meus frenéticos nerds adoradores de um filme de ação! Tudo bom convosco? Em um ano fraco de lançamentos – ainda reflexo da pandemia mundial – um título, do qual nada esperava de novidade e qualidade, me chamou a atenção e me fez “dar o braço a torcer” como reconhecimento por seu desempenho e discussão que traz à tona. Hoje, mais do que nunca, precisamos falar sobre o filme Kate.
Lançado na metade de setembro pela Netflix, o longa, criado a partir do roteiro escrito por Umair Aleem, teve como diretor o cineasta francês Cedric Nicolas-Troyan (reconhecido pelo excelente trabalho com efeitos especiais) e David Leitch como produtor. Seu elenco contou com nomes de peso como Mary Elizabeth Winstead no papel da protagonista, Kate; Woody Harrelson como Varrick; Jun Kunimura como Kijima, chefe da Yakusa e Tadanobu Asano no papel de Renji. Além deles, destaca-se a estreia da jovem atriz canadense Miku Martineau, que interpretou a adolescentíssima Ani.
Definitivamente, o enredo não é lá grande coisa, aliás, bem clichê por sinal: Kate, uma assassina foderástica criada e treinada por Varrick, é contratada para matar dois irmãos que, hierarquicamente, comandam a Yakusa em Osaka, Japão. Porém, não consegue realizar o segundo serviço por ter sido envenenada com uma substância letal e incurável. Com apenas algumas horas de vida e alguns estimulantes que lhe continuam dando forças para prosseguir, Kate decide terminar o trabalho como forma de vingança e de honrar seu compromisso profissional para com seu mentor.
Qualquer pessoa mais sagaz e que já assistiu a uma meia dúzia de filmes do gênero sacará, logo de cara, quem é o traidor e qual sua intenção. Entretanto, a simplicidade do enredo não tira, de forma alguma, seu mérito de estar classificado como um excelente filme. Isso porque o foco do longa não é na história em si, mas, sim, nos efeitos especiais e elementos artísticos conferidos às cenas de luta e ação. Nesses quesitos, estamos falando de uma verdadeira obra de arte!
Todas as cenas desses tipos foram cuidadosamente trabalhadas de modo a mesclarem o som (música) e imagem (cenário) com elementos da cultura japonesa. Dessa forma, em diversos momentos o telespectador se deparará com referências a animes, jogos de videogame, séries e outros filmes clássicos do estilo. A cena em que Kate corre no alto de um prédio para encontrar ângulo para atirar, onde, ao fundo, há um outro prédio refletindo um holograma de cenas de anime, é de tirar o chapéu! Lindíssima!
Já as coreografias de luta são feitas para chocar! O nível de violência é extremo e, apesar de se ter algo comum em John Wick e afins, Kate tem muita coisa original. Para quem gosta de cenas assim, ficará encantado! Apesar de todo o sangue jorrando, balas perfurando corpos, decapitações, socos e pontapés, a velocidade e ângulos em que essas coisas são exibidas torna tudo muito “belo”. Se eu fosse um crítico ou teórico de cinema renomado, competente e digno para criar uma tipologia para esse tipo de cena, sem dúvida alguma, o melhor termo a ser empregado para defini-la seria “violência gráfica poética”.
Filmes de ação com protagonistas femininas estão se tornando cada vez mais frequentes e isso me fez refletir sobre o assunto. Seria um mero caso de saturação e “surfar no hype”, aproveitando-se o sucesso comercial de um desses filmes para lançar cópias genéricas a fim de se faturar também? Ou teria algo mais complexo por detrás dessa onda de filmes com mulheres destemidas, super treinadas, boas de pancada e tiro?
O primeiro filme que me vem à cabeça quando o assunto é “mulher foderástica” é Nikita, lançado no longínquo ano de1990. Depois dele, já no começo dos anos 2000, vieram as franquias As Panteras, Underworld e os lendários Kill Bill volume 1 e 2. Entretanto, na minha opinião, o filme que marcou o gênero é Salt (2010), que trouxe a musa Angelina Jolie no papel da protagonista. De lá para cá, os filmes de ação com mulheres deixaram de ser menos fantasiosos (como é o caso das franquias Tomb Raider e Jogos Vorazes) e passaram a focar em algo mais plausível a nossa realidade, tal como agentes secretas (voltando às origens de Nikita), só que agora – valendo-se de novos recursos tecnológicos – compostos com impressionantes cenas de luta e tiroteio.
Assim, vieram em sequência: Lucy (2014), Atomic Blonde (2017), Peppermint (2018), The Old Guard (2020), Ava (2020), Jolt (2021) e A Sentinela (2021). Como pode perceber, meu atencioso nerd, se reparar na lista (que certamente deixou escapar um título ou outro) observará que espaçamento entre os anos de lançamento desapareceu. Com a opinião e argumentos de amigos na postagem que fiz antes de assistir Kate, cheguei à conclusão de que isso não reflete um caso de saturação no cinema, mas, sim, o oposto disso: o que as telinhas estão repletas é de filmes com homens fodões!
O protagonismo feminino é uma tentativa de desestressar esse gênero cinematográfico e de identificar o público feminino (boa parte dos consumidores desses filmes) com os personagens ao qual assistem. Apesar de todo machismo ainda vigente, na nossa atual realidade é inconcebível de se pensar que apenas filmes de drama e romance interessam às mulheres. Elas também querem (e podem!) se ver como heroínas, que são fortes, sabem lutar, são ágeis, destemidas e resistentes, fazendo frente a todo e qualquer homem! Ao menos no imaginário e como fonte de inspiração, tanto Kate quanto os demais filmes dessa onda possibilitam isso.
Abraços e até breve.
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