No começo de uma das cenas mais legais de Missão: Impossível – O Acerto Final, Ethan Hunt (Tom Cruise) gira uma válvula dentro de um submarino e, de repente, a imagem se abre pra preencher a tela toda do IMAX. É um momento bem bolado — afinal de contas, foi o próprio Tom Cruise que praticamente ressuscitou a experiência cinematográfica com Top Gun: Maverick. Então, faz total sentido que, mesmo no papel do Ethan, ele continue sendo o cara que “controla” a tela.
Só que, infelizmente, esse é um dos poucos momentos realmente criativos do filme. No geral, Acerto Final acaba esquecendo o que sempre fez essa franquia ser tão marcante. A primeira hora é meio esquisita e, pra falar a real, bem confusa. É tudo muito repetitivo e com um ar pretensioso, quase beirando a paródia. Creio que é o pior começo de todos os filmes da franquia até agora.
O mais impressionante é que o filme até consegue se recuperar depois, o que, honestamente, talvez seja a missão mais impossível que o Ethan já enfrentou.

Pra ser justo, se tem alguém nesse mundo das franquias de ação que merece ser exaltado, é o Ethan Hunt. Por isso, esse primeiro ato não só serve pra lembrar a galera de onde a gente parou lá em Missão: Impossível – Acerto de Contas (2023), mas também pra reforçar o quanto esse personagem é importante pro cinema de ação das últimas três décadas. O diretor Christopher McQuarrie, que também coescreveu o roteiro junto com Erik Jendresen, trata esse filme como o “Ultimato” da série desde o começo. Eles não recapitulam só o último filme, mas meio que fazem uma homenagem à trajetória do Ethan ao longo de todos os sete filmes anteriores, transformando ele ainda mais numa figura mítica.
Só que Ethan Hunt não é um super-herói, pois é só o cara que aceita a missão e faz o trabalho. E essa coisa de transformar ele quase num semideus já começa meio exagerada. Mesmo que a gente concorde que Hunt (ou Cruise, tanto faz) merece uma baita volta de vitória, precisava mesmo dar 12 voltas? Normalmente, os filmes de Missão: Impossível já começam na adrenalina total!
Até a missão do filme anterior foi super divertida. Então, é bem estranho perceber que esse filme não começa com aquela sensação de “trem desgovernado”. Pelo contrário: ele fica ali, parado na estação por um tempão.

Enquanto o filme tá ali esquentando, o Ethan tá escondido, até ser convocado de volta pela presidente Sloane (interpretada de forma maravilhosa pela Angela Bassett). A missão, claro, é parar a catástrofe iminente: “A Entidade”, uma IA maluca que ameaça detonar o mundo com uma aniquilação nuclear.
Todos os personagens do filme anterior estão de volta. Agora eles ainda ganham o reforço da Paris (Pom Klementieff, que tá tão boa nos poucos momentos que aparece que a gente até torce pra ela herdar a franquia) e do Degas (Greg Tarzan Davis). E o Esai Morales volta como o vilão Gabriel, meio que um substituto humano pra vilania cibernética da Entidade.
E, claro, tem rostos conhecidos que aparecem só pra ficar preocupados se o Ethan vai ou não salvar o dia: Janet McTeer, Holt McCallany e Nick Offerman.

É um baita elenco! Tudo isso pra um filme que, no fim, é narrativamente bem simples — ainda mais com suas 2 horas e 50 minutos. A parada é basicamente: Ethan e sua equipe precisam impedir o Gabriel e a Entidade de acabarem com a humanidade. Esse enredo até meio raso permite que McQuarrie e Jendresen encham o filme com duas coisas: excesso de planejamento (às vezes até demais) e, eventualmente, algumas sequências de ação que são realmente de cair o queixo.
Mas, sinceramente? Acho que os filmes anteriores tinham um senso de humor muito mais presente, pois dava pra considerar isso a terceira coisa que falta nesse aqui.
Um dos charmes dessa série sempre foi aquele clima de: “Você acredita que a gente tá fazendo ISSO?”. Aquele lance de jogar o Tom Cruise de um penhasco ou de um avião, sempre com aquela piscadinha pro público: “Sabemos que é loucura, vocês sabem que é loucura, mas segura firme que a montanha-russa tá só começando!”. Dessa vez… não tem tanto isso.
Claro, ainda tem sequências de ação incríveis, mas muitas delas demoram pra engrenar. Quando engrenam, são realmente de outro mundo. Só que a vibe geral do filme é meio mais solene, meio mais séria, o que tira um pouco daquela diversão meio maluca que sempre caracterizou Missão: Impossível.
No fim das contas, O Acerto Final é uma despedida meio agridoce. É épico, cheio de homenagens, mas também carrega um peso que os outros filmes não tinham tanto. Só que talvez, nessa ânsia de encerrar tudo em grande estilo, o filme tenha perdido um pouco daquela leveza que fazia a gente sair do cinema com um sorriso no rosto e o coração acelerado. Boa diversão para todos!
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