Imagine “Scream” cruzando com “Feitiço do Tempo” e você terá uma boa ideia do que “Until Dawn” poderia ter sido, um filme cheio de potencial, o que torna sua execução sem brilho ainda mais decepcionante. Em 2015, a Sony lançou o game “Until Dawn”, um slasher inteligente coescrito pelo mestre do terror Larry Fessenden e estrelado por nomes como Rami Malek, Hayden Panettiere e Peter Stormare. Recentemente remasterizado para o PlayStation 5, o jogo conquistou elogios pelo seu roteiro afiado e, principalmente, por sua mecânica envolvente: o jogador toma decisões que determinam o destino de personagens encurralados em uma montanha nevada por um assassino impiedoso.
Com esse nível de interatividade e autoria, adaptar “Until Dawn” para o cinema era um desafio óbvio, afinal, transformá-lo diretamente em filme seria como assistir outra pessoa jogar.
No contexto, Clover (Ella Rubin) é a líder de um quinteto de amigas que viajam a um vale remoto em busca de sua irmã Melanie (Maia Mitchell), desaparecida há um ano. Ela é acompanhada por um ex que espera reatar, chamado Max (Michael Cimino), sua boa amiga Nina (Odessa A’zion), seu namorado Abel (Belmont Cameli) e uma garota com poderes psíquicos chamada Megan (Ji-young Yoo, tão boa em ” Expats ” do Prime Video e completamente perdida aqui). Depois de uma parada em um posto de gasolina onde os fãs descobrem que Stormare retornou a este universo como uma espécie de supervisor do caos. No jogo, a estrela de “Fargo” avaliava seu progresso no capítulo anterior e fazia perguntas que guiariam o caminho que a história tomaria a seguir, onde a turma acaba em uma casa que parece parada no tempo. O calendário não é virado há 17 anos, o livro de visitas tem os mesmos nomes repetidos 13 vezes, e o que diabos está acontecendo com aquela ampulheta enorme na parede?

Antes que você possa dizer “Eu sei o que você fez no verão passado”, um palhaço deformado está caçando essas almas infelizes, fatiando-as em um estilo eficiente e sangrento. E então, bum, todos estão de volta onde estavam quando a ampulheta girou pela primeira vez. E é aqui que a premissa inteligente mencionada entra em cena: esses cinco amigos serão assassinados repetidas vezes. Eles devem sobreviver à noite ou morrer repetidamente. É quase como um videogame em formato de filme, no qual a morte significa apenas recomeçar no último ponto de verificação.
Quando foi anunciado como projeto cinematográfico, a sugestão era que fosse redefinido, tornando-se uma espécie de filme de terror diferente a cada iteração. Imagine um filme de terror se tornando um filme de possessão, um filme de found footage.
Se esse foi o caso do roteiro de Gary Dauberman e Blair Butler, nunca se materializou na produção de David F. Sandberg. As várias “versões” da última noite da vida de Clover e seus amigos são deprimentemente semelhantes, evoluindo para o que parece um riff interminável de “A Descida”, com criaturas humanoides literalmente saindo do chão para inundar o público com sustos. Apenas um modus operandi de terror parece remotamente inspirado: uma sequência divertida em que os personagens descobrem que a água na casa os faz explodir à la “Scanners”.
A situação piora com a cinematografia de Maxime Alexandre, que é mal iluminada e visualmente monótona, pois ironicamente, o game exibe uma linguagem visual muito mais marcante do que o filme. Para piorar, o roteiro de Butler e Dauberman oferece ao jovem elenco pouco mais do que expressões de medo pontuadas por traços superficiais de trauma. É como se todas as boas ideias surgidas na pré-produção de “Until Dawn” tivessem sido desgastadas até que restassem apenas vestígios de sua sagacidade, tensão e verdadeiro horror. O que sobra é um exercício cansativo, marcado por edição frenética, design de som excessivo e personagens tão genéricos que se tornam difíceis de lembrar.
Por fim, quando o roteiro finalmente tenta conectar a narrativa à história da cidade onde toda a trama se desenrola, já é tarde demais: o filme já perdeu completamente a capacidade de fazer o público se importar, seja com os antigos habitantes ou com os turistas azarados que se aventuraram no lugar errado. No final das contas, a única vontade que restou foi a de lamentar! Será que estou chato?
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