Por seis anos, a série Life Is Strange contou histórias sobre os laços que nos unem, entre amigos, famílias e comunidades. Agora, em True Colors, representa a primeira vez que o subtexto se torna não apenas texto, mas a mecânica central do game. A força de Life Is Strange como uma série é como ela sempre busca responder às questões mais profundas sobre por que as pessoas são do jeito que são, mas mesmo em comparação com o protagonista de Life is Strange original, Max Caulfield, procurando desvendar a vida de seu melhor amigo, ou Sean e Daniel Diaz, de Life is Strange 2, e estando sempre à mercê de uma América cada vez mais implacável, Desta vez, True Colors atua mais profundamente e apresenta um novo herói que pode mergulhar na vida das pessoas em um nível além das capacidades dos outros protagonistas da série. Essa habilidade permite que o game atravesse um território novo e fascinante para esta série, mas ainda é um pouco tímido.
Você joga como Alex Chen, uma criança do sistema de acolhimento que foi separada de seu irmão mais velho Gabe quando ela tinha 10 anos. Por mais de uma década, ele tentou localizá-la e convidá-la para sua nova casa em Haven Springs, um pequeno vilarejo idílico no Colorado. Embora seja aparentemente um lugar pacífico o suficiente para começar uma vida, Alex é impotente quando se trata de seu grande segredo e do gancho sobrenatural da trama: Alex é um é uma espécie de medium que não só é consegue ver e ler as emoções das pessoas como explosões gigantes de cores psicodélicas, mas se a emoção for forte o suficiente, ela vai realmente herdá-la. Infelizmente, o sistema de acolhimento não é o lugar mais feliz do mundo significa que Alex se encontra consumida por episódios depressivos paralisantes e acessos extremos de raiva.
A mais recente iteração de Life Is Strange tem muito amor a oferecer, mas simplesmente não sabe onde colocá-lo. Mesmo assim, os fãs da série devem conferir a nova experiência!
E então, conforme Alex começa sua nova vida, Haven Springs começa a contagiá-la, de mais de uma maneira. Quando uma grande tragédia atinge a cidade, manter a paz torna-se um imperativo, e trata-se de se proteger tanto quanto de proteger a cidade. Na maior parte do tempo, True Colors opera da mesma maneira que qualquer outro título de Life Is Strange: como Alex, você anda por aí e interage com tudo e com todos, onde o game permitirá que você, ocasionalmente faça escolhas cruciais e transformadoras por meio de diálogos que afetam o mundo e o curso da história. No nível técnico, existem algumas melhorias marcantes em relação aos games anteriores da série, especialmente em termos de visual e este é o Life is Strange mais lindo e exuberante, com uma melhoria enorme e impressionante no desempenho dos personagens.
Além disso, mecanicamente, há um acréscimo importante, onde haverá a opção de Alex usar seus poderes e ler as verdadeiras emoções da mente de uma pessoa, ou sentir os apegos emocionais e as memórias associadas a um objeto no ambiente. Em sua forma mais benigna e hilária, Alex pode ver alguém tendo uma conversa telefônica aparentemente civilizada com um representante de atendimento ao cliente, apenas para usar seu poder para ouvi-los tendo internamente uma birra absoluta de crianças. Na sua forma mais angustiante, Alex consegue ler uma criança assustada, apenas para ver o medo manifestar-se fisicamente.
Life Is Strange: True Colors brinva com os visuais de uma maneira que não vimos anteriormente, e no PS5, há um uso cuidadoso de algumas funcionalidades do DualSense que adiciona outra camada agradável de imersão nos poderes de Alex.
Seria muito fácil tornar a vida de Alex um inferno gritante, com ela incapaz de se esconder dos piores e mais primitivos instintos da humanidade, mas felizmente, True Colors mostra mais contenção do que isso. A vibração é mais uma abordagem do tipo “a vida vem até você rápido”, em que a dor de cabeça e a decepção aparecem e atingem Alex, em vez de inundá-la o tempo todo. A restrição torna muito melhores os momentos em que a escuridão e a negatividade permeiam a terra. Mas, por longos períodos, o pêndulo quase oscila muito na outra direção, pois True Colors é quase muito gentil como narrativa. Nesse contexto, cada personagem e NPC tem uma gentileza básica que, embora confortável e calmante, chega ao limite da hipocrisia, devido aos desafios emocionais sombrios. Há uma vibração de Gilmore Girls em tudo; até mesmo a maioria dos bastardos tem seus encantos, e não há muitos bastardos para começar.
Ainda há, no entanto, uma tendência negra para o game, fazendo grandes perguntas sobre doença, morte, tristeza, paternidade, relacionamentos e quanto custa ter empatia ou perdoar os “monstros” que nos ameaçam. O game se torna mais impressionante fazendo perguntas que não têm respostas fáceis, e reconhece isso nos pontos onde mais conta. Um dos momentos mais angustiantes envolve Alex consolando uma mãe que perdeu o amor de sua vida, um homem que queria ansiosamente ser o padrasto de seu filho. A resolução acaba em um lugar inesperado, com Alex lendo as emoções da mulher. Ainda mais impressionante é o fato de que este não é um cenário de solução fácil, pois Alex usa seus poderes para influenciar a situação e acaba saindo pela culatra de uma forma enorme. Esse é um problema que Alex não consegue resolver, e ela tem que descobrir a melhor maneira de se oferecer e apoiar a mãe. Existem algumas situações que mantêm esse nível de maturidade, mas não irei entrar em maiores detalhes para não escrever spoilers.
A trama envolve um lugar peculiar habitado por residentes contando piadas internas bem-humoradas, o bar local está cheio de casais estranhos que são gentis com seus servidores, os proprietários de bom grado adiam o aluguel enquanto um inquilino está de luto.
Haven Springs é um lugar adorável para se visitar e onde existem pessoas que merecem ter empatia em seu meio, ajudando-as a processar sua negatividade e medo em algo mais saudável, e é um lugar perfeito para Alex realmente se tornar uma pessoa adulta. Mas o ciclo de feedback é um pouco forçado, onde com poucas exceções, a imensa bondade de Alex só volta para ela no final do game. A principal reclamação dos críticos destacam que os games anteriores desta série tinham o cinismo de que nossos protagonistas precisavam crescer, e onde a jornada para isso parecia mais uma luta, algo que Life is Strange: True Colors não possui.
Há mérito nessa abordagem, especialmente considerando como os outros games terminaram com notas tão emocionalmente devastadoras. Alex ser capaz de apenas ajudar, sem concessões, é uma sensação boa no momento. Este é um game cheio de lugares e personagens bem desenhados com profundidade e histórias que valem a pena contar, uma experiência que envolve lanchonetes e sorveterias, casas cobertas de flores, pôr do sol dourado e festivais de primavera felizes. Está curioso(a) para sentir a história deste game?
Até o clímax, a jornada de Alex parece de baixo risco em toda a linha, mesmo quando chega a soluções difíceis para os problemas. Nunca há dúvida de que Alex pode perseverar e deixar Haven Springs melhor do que como ela o encontrou!
Por fim, há uma luz que o desenvolvedor Deck Nine nunca permite que a escuridão toque, e há uma alegria em ser capaz de desempenhar um pequeno papel em garantir que todos se saiam melhor. Mas a desconexão entre essa vibração e a turbulência, que trouxe Alex, é tangível, e o game alcançaria brilho se essas duas preocupações pudessem se conectar. Life Is Strange: True Colors está disponível para as plataformas PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series, Xbox One, Nintendo Switch, Microsoft Windows e Google Stadia.
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