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A Era Medieval Que Ninguém Nunca Contou

A Era Medieval Que Ninguém Nunca Contou

Olá, queridos leitores… Hoje vou falar sobre um assunto que acredito que muito professores tenham dificuldade de abordar com seus alunos em sala de aula: A Era Medieval.

Tenho certeza que muitas pessoas, ao ouvirem falar sobre a “Era Medieval”, imaginam um período sombrio, com aspetos de imundície e de opressão. O que os livros e filmes nos contam passa exatamente essa imagem. Pessoas sendo torturadas, oprimidas pela Igreja ou pelos feudos, a maioria em situação de miséria e pobreza, pragas e doenças que se espalhavam e por ai vai.

Porém, vamos parar para analisar outros aspectos como: a música, as festas, principalmente a arte, através dos vitrais coloridos e cheios de vida e assim por diante.

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Vitral da Catedral Nossa Senhora de Assunção, em Notre Dame, construída em homenagem à Virgem Maria.

Antes de mais nada, vamos estabelecer que a Era Medieval vai do século V até o século XV. Como os autores de contos infantis dizem: “Era uma vez um império romano, cheio de imponência e glória, cujas fronteiras iam do norte da Europa até parte do oriente…”

Brincadeiras à parte, tudo realmente começou com o Império Romano. Quando este se desfez, em 476, nasceu um novo tempo, em pedaços e com vários conflitos internos. Um tempo onde a escravidão, muito devagar, passou a ser extinta, as mulheres passaram a ter lugar na sociedade e surgiram as universidades. A sociedade começou a se preocupar com o próximo através de obras assistenciais. Ao mesmo tempo, no meio artístico, a igreja e seus belíssimos vitrais coloridos decoravam a paisagem desse cenário.

A Era Medieval é o período que serve de intermédio à divisão da História Ocidental em três períodos: A Antiguidade, Idade Média e Idade Moderna, dividindo-se em Alta e Baixa Idade Média.

Durante a Alta Idade Média houve o processo de despovoamento, regressão urbana e invasões bárbaras, cujos invasores se apoiaram na estrutura romana ocidental para a formação de novos reinos. No norte da África e no Oriente Médio, devido à sua tomada pelos sucessores de Maomé, predominou o Islamismo. O cristianismo disseminou-se pela Europa Ocidental e o mundo inteiro assistiu um surto de diversos espaços monásticos que surgiram, através de Viquinges, Magiares e Sarracenos ou Vikings, Húngaros e Árabes.

Após os anos 1000, com a Baixa Idade Média, nota-se um desenvolvimento e um crescimento demográficos através da retomada das práticas comerciais, com a chegada de inovações técnicas e agrícolas ao plantio e à colheita. É durante esse período que se iniciam duas estruturas sociais: o senhoralismo (organização de camponeses em aldeias que pagam renda e prestam serviços a um nobre) e feudalismo (uma estrutura em que cavaleiros e nobres com posição inferior prestam serviços militares aos seus senhores e recebem, em troca, uma propriedade e o direito de cobrar impostos em determinada propriedade).

Apesar de os dois últimos séculos da Baixa Idade Média terem sido marcados por grandes catástrofes, adversidades e guerras, tendo “As Cruzadas” como exemplo, a vida cultural dessa época foi dominada pela escolástica, filosofia que procurava unir a fé à razão. Exemplos belíssimos como: a obra de Tomás de Aquino, a pintura de Giotto, a poesia de Dante e Chaucer, as viagens de Marco Pólo, sem falar das edificações de catedrais góticas, que são as mais destacadas nesse período.

afresco de Giotto di Bondone 300x278 - A Era Medieval Que Ninguém Nunca ContouAfresco, Lamento sobre o Cristo Morto (1303), de Giotto di Bondione.

capela sistina 300x188 - A Era Medieval Que Ninguém Nunca ContouAfresco (1508), de Michelângelo, no teto da Capela Sistina.

escritos de Tomás de Aquino 300x199 - A Era Medieval Que Ninguém Nunca Contou Escritos políticos de Santo Tomás de Aquino. 

Uma das obras mais belas e mais completas é o poema “A Divina Comédia”, com viés teológico e épico da literatura, escrito no século XIV e dividido em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. Observem que o poema é dividido em três partes, cada uma composta por cantos com tercetos e, durante toda a obra, o autor faz muitas menções ao número três. Isso, propositalmente, como uma forma de referência à Santíssima Trindade, ao triângulo e, também, ao equilíbrio. Para finalizar, o poema possui três personagens: Dante, que representa o homem, Beatriz, que representa a fé e Virgílio, que representa a razão.

Ainda com o número três: cada estrofe possui 3 versos e cada uma das partes possui 33 cantos.

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Representação ilustrativa do Inferno de Dante, parte do clássico da literatura “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri.

Claro que na Idade Média teve violência, miséria, fome e grandes tragédias, como a peste negra, do século XIII. Mas, teve muito mais do que isso e essa parte poucas pessoas contam. Os grandes historiadores já abandonaram há muito tempo a ideia de que nessa época tudo era retrógrado. Na verdade, tudo começa com o Renascimento Italiano. Em Florença, principalmente, os artistas redescobriram a época de ouro de Roma e Grécia. Na Renascença isso muda: sai a inspiração e entra imitação.

O próprio uso do termo “renascimento” é redundante e pejorativo. Renascer significa tirar da morte, reviver e a Idade Média estava ganhando contornos sombrios.

Esse período passa a ganhar força com a Revolução Francesa, onde revolucionários, para destruir a reputação da igreja e da nobreza, reforçaram o estereótipo, em contraste com as luzes que o Iluminismo trazia.

A Idade Média concentra desafios ao ensinamento de história. Porém, por ser um período longo, recortes precisam ser feitos e muita coisa acaba ficando de fora. Alguns historiadores sugerem, para conseguir abranger um conteúdo maior, que o ensino seja por meio de comparações. Exemplo: é possível comparar a vida num feudo clássico com a formação dos reinos da Península Ibérica, marcada pela presença árabe. Dessa forma, seria mais fácil compreender a formação de Portugal e o descobrimento do Brasil.

Mitos Desvendados da Era Medieval

PARTICIPAÇÃO FEMININA: As mulheres não tinham participação na vida familiar, política e na sociedade.

De verdade, existia a caça às bruxas, mas nenhum movimento feminista. A Idade Média foi um período de ascensão para as mulheres, principalmente porque havia a figura da Virgem Maria centralizada para os cristãos. Isso modificou a mentalidade da época em relação às mulheres. Os reis passaram a ser coroados juntos com suas rainhas, abadessas passaram a comandar feudos gigantescos e, em alguns lugares como a França, as mulheres tinham voz na família, nas decisões das aldeias e exerciam profissões de prestígio.

INQUISIÇÃO: Os tribunais católicos espalharam terror pelo país e queimaram milhares de pessoas.

A inquisição teve diferentes formas em cada lugar onde existiu e fez parte de uma sociedade onde a religião tinha um papel de base estruturadora da sociedade, diferente do que é hoje. Como não existia um “Estado”, a Igreja assumia o papel de “Lei” para o bem maior, não só religiosa como civil. Mas a maior parte dos processos acabava inocentando o acusado de heresia. E, ao contrário do que é ensinado, este tinha direito à defesa. Apenas uma parcela pequena era condenada à pena de morte.

VIDA INTELECTUAL: Período marcado pela mentalidade obscura, sobrepondo a fé, a razão e limitava a ciência.

Foi na Idade Média que surgiram grandes pensadores, justamente na tentativa de juntar razão e fé. Acredito que o maior exemplo seja o próprio Tomás de Aquino (1225-1274), que teve enorme influência na Teologia e na Filosofia. A igreja era a maior financiadora das descobertas científicas e foi a inventora das universidades. Graças às descobertas desse período que surgiram as grandes navegações. A condenação de Giovani Bruno (1548-1600), por exemplo, não se deu à nenhuma descoberta astronômica, mas sim a controvérsia de pensamento religioso, considerado agnóstico para a época.

ARTES: A Renascença é o período de retorno à beleza clássica, que o povo era incapaz de produzir.

Não tenho a menor dúvida de  que o renascimento italiano produziu obras primas e belíssimas. Mas, é impossível olhar para a Catedral de Notre Dame (iniciada a construção em 1163) e não reconhecer a beleza das obras da Idade Média. Foi nessa época que iniciou-se o uso do arco ogival, que possibilitou o suporte de paredes mais finas e o apoio de vitrais, tornando o interior das catedrais mais iluminados e menos tétricos, possibilitando observações dos estudiosos de astronomia.

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Catedral de Nossa Senhora de Assunção, em Notre Dame, marco histórico e referência turística até os nosso dias atuais.

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Sua arquitetura gótica e ao mesmo tempo iluminada, com vitrais tão belos, é uma referência a um lugar de paz.

Espero que vocês tenham gostado deste post e até a próxima!

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Paula Souza

É Editora e Autora do UniversoNERD.Net, Professora de Língua Portuguesa e Inglesa, amante de leitura e Literatura, além de gamer nas horas vagas.

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