Enquanto o novo programa de TV dos EUA e Syfy, Chucky, é tecnicamente um revival da franquia original, não é como se Chucky, o brinquedo assassino possuído pelo serial killer Charles Lee Ray, tivesse ido embora há tanto tempo. Mesmo jogando de lado o reboot do filme de 2019, a última instalação da série original foi Cult of Chucky, de 2017. Agora, o boneco assassino favorito de todos está de volta para uma continuação da franquia que segue de onde o filme parou. Quem se lembra do famoso filme e que marcou toda uma geração?
Isso tudo é uma bênção e uma maldição para a nova série, pois há coisas sobre Chucky que imediatamente o colocarão de volta na mentalidade dos filmes da época, desde o retorno de Brad Dourif para fornecer a voz perfeitamente maníaca do boneco possuído, até o sarcasmo e violência que o personagem exala em praticamente tudo o que faz. É nesses momentos que Chucky está no seu melhor nos quatro episódios previstos. Há algumas mortes realmente excelentes e muitos palavrões para Chucky.
Desta vez, Chucky tem um começo difícil, mas encontra seu próximo passo como o boneco assassino de Child’s Play retorna à glória.
Quanto à maldição, Chucky faz algo que esta franquia, e praticamente todas as séries slasher, não precisa. Isso dá ao Chucky uma história de origem e introduz flashbacks das primeiras mortes do jovem Charles Lee Ray. Enquanto eles se encaixam dentro da história, o boneco psicótico procura transmitir sua sabedoria assassina em um adolescente, onde estes olham para trás para o que “criou o monstro” e raramente trazem algo que valha a pena para a história. Esse é o caso aqui, como o que faz a franquia “Child’s Play”, e por extensão, Chucky, tão especial não é o que levou Ray a se tornar um assassino em primeiro lugar, mas sim que sua alma continua a possuir uma linha de bonecos assustadores.
O outro grande problema com a série também está ligado à escrita. No início dos episódios de abertura, grande parte do diálogo soa inautêntico, seja como os adolescentes interagem com seus pais ou uns com os outros, especialmente quando um adolescente diz que um vídeo que eles postaram online tinha 400 visualizações como se essa fosse a definição de viral. Há até um caso em que um professor lança uma “bomba” em um aluno em sala de aula que parecia absolutamente irrealista e mais como se estivesse fazendo uso das regras de linguagem adulta mais do que qualquer outra coisa.
É compreensível que o criador da franquia Don Mancini queria explorar um novo lado do personagem e que vem escrevendo desde a década de 1980, mas é desnecessário.
Felizmente, mesmo com essas questões, Chucky ainda trabalha como uma continuação da franquia. Não é bem explicado como a alma de Charles Lee Ray se uniu a este novo boneco Chucky que o adolescente Jake (Zackary Arthur) encontra em uma venda de quintal, mas ver o lado manipulador do boneco tentar convencer o jovem que ele também quer se tornar um assassino é de certo modo divertido. Assim, também, é a onda de assassinatos que começa a aparecer quando Chucky se estabelece de volta em sua trajetória assassina.
E é quando Chucky está no seu melhor, pois o boneco assassino está fazendo violência, enquanto Jake se agita entre querer parar seu amigo até o fim e se perguntar se o tal boneco está certo sobre matar aqueles que o injustiçaram. Ver Jake lutando para ceder ao caos ao seu redor é convincente e certamente vai deixar você querendo mais. E se as mortes gráficas e sangrentas são o que você está procurando, Chucky tem muitas dessas, incluindo algumas novas maneiras inventivas para o boneco despachar aqueles em seu caminho.
À medida que a série avança, a dinâmica entre os vários personagens se torna mais envolvente e o diálogo é tonificado para não se destacar como algo falho.
O que resta saber é como o legado da franquia entrará em jogo. Já foi revelado que Jennifer Tilly (Tiffany), Alex Vincent (Andy) e Christine Elise (Kyle) vão reprisar seus papéis na série. Como eles vão impactar a história e seu efeito no novo elenco de jovens sendo alvo de Chucky é um mistério.
Ainda assim, para os fãs de longa data dos filmes Child’s Play, esses personagens são uma ponte crucial para os episódios anteriores de Chucky e devem ser uma adição bem-vinda. Os fãs esperam que eles sejam introduzidos e abraçados pelo novo público.
Por fim, o primeiro episódio de Chucky pode ser um pouco desigual, mas a série começou bem. Além disso, é emocionante ver o que é quase um retorno à forma para a franquia conhecida. Enquanto filmes como Curse of Chucky e Cult of Chucky eram agradáveis, eles se sentiram tão distantes da fórmula original do que acontece quando um boneco possuído faz amizade com uma criança. Enquanto a criança, neste caso, é um garoto de 14 anos, Chucky se sente tão perto do Jogo infantil original como qualquer um dos outros episódios recentes da franquia. Chucky chega em 12 de outubro na TV americana e, em breve, ao Brasil!
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