Olá, leitores.
Seguindo a série composta de posts que explicam as origens de datas e/ou temas específicos com curiosidades por meio de uma abordagem NERD, chegou o momento oportuno para tratarmos sobre o tema Páscoa. Como este é um assunto que a maioria das pessoas já conhecem, irei direcionar para detalhes da história com algumas curiosidades relacionadas ao feriado de Páscoa e sobre sua relação com a indústria do chocolate, cujo consumo pela sociedade ocidental é extremamente alto nos dias atuais.
Para iniciar, a origem do termo Páscoa…
A Páscoa, certamente, é uma das datas comemorativas mais importantes entre as culturas ocidentais. A origem desta comemoração decorre de muitos séculos atrás. Mas para uma melhor compreensão deste texto, é importante saber que o termo “Páscoa” possui uma origem religiosa e que vem da palavra em latim Pascae. Na história da Grécia antiga, este termo também é encontrado como Paska. Achou interessante?
Mas sua origem mais remota é entre os hebreus, onde aparece como Pessach, que significa “passagem”!
Um pouco mais das civilizações antigas…
Diversos historiadores encontraram informações que levam a concluir que uma “festa de passagem” era comemorada entre povos europeus há milhares de anos. Essa história remete à região do Mar Mediterrâneo, onde algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera durante o mês de março. Geralmente, esta festa era realizada na primeira lua cheia da chamada época das flores. Mas no geral, entre os povos da Antiguidade, o fim do inverno e o início da primavera eram de extrema importância, pois estavam ligados às maiores chances de sobrevivência em função do rigoroso inverno que castigava toda a Europa, dificultando a produção de alimentos, a caça, pesca e a fabricação de itens.
A Páscoa Judaica
Entre os judeus, a data assume um significado muito importante, pois marca historicamente o êxodo deste povo do Egito, ocorrido por volta do ano 1250 a.C., tendo em vista que foram aprisionados pelos faraós durantes muitos anos. A história encontra-se no Velho Testamento da Bíblia, no livro Êxodo. A Páscoa Judaica também está relacionada com a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, onde, liderados por Moisés, fugiram do Egito. Nesta data, os judeus fabricam e consomem o chamado matzá (pão sem fermento) para relembrar a rápida fuga do Egito, quando justamente não sobrou tempo para fermentar o pão.
A Páscoa Cristã
De acordo com a história, os cristãos antigos celebravam a ressurreição de Jesus Cristo (quando, após sua morte, a alma retorna ao seu corpo). Este fato histórico é reproduzido até os dias atuais. Os cristãos celebram a Páscoa valorizando e enfatizando a importância da ressurreição de seu ídolo, principalmente no Brasil e no México, onde existem uma enorme concentração de pessoas adeptas dessa religião.
O festejo ocorria no domingo seguinte à lua cheia e posterior ao equinócio da Primavera (21 de março).
A semana anterior à Páscoa é considerada como sendo a Semana Santa e tem seu início no chamado Domingo de Ramos, que marca exatamente a entrada de Jesus Cristo na antiga cidade de Jerusalém.
Mas onde entram o Coelho da Páscoa e os OVOS?
A figura do “Coelho da Páscoa” está simbolicamente relacionada à esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. O coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre muitos povos da antiguidade, numa época difícil onde o índice de mortalidade era altíssimo e a expectativa de vida inferior a 40 anos, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida. No Antigo Egito, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas.
Mas o que a reprodução tem a ver com os significados religiosos da Páscoa?
Tanto no significado do povo judeu, quanto dos cristãos, esta data relaciona-se com a esperança de uma vida nova ou um novo começo. Já os “Ovos de Páscoa” (de chocolate, de enfeites, de joias, entre outros), também estão nesse contexto da fertilidade e do nascimento de uma nova vida. E uma curiosidade antes de continuar:
A figura do Coelho da Páscoa (ou coelhinho da páscoa para as crianças) foi trazida para o continente americano pelos imigrantes alemães, entre o final do século XVII e início do XVIII.
Para compreendermos melhor a adoção dos ovos neste contexto, devemos saber que a Páscoa Cristã, oficializada pelos papas da Igreja Católica no século IV d.C., foi instituída com o intuito de substituir a Páscoa celebrada por Yeshua e pela Igreja na época. Nos países de língua anglo-saxônica, a páscoa é conhecida como “Easter”, mas nos países de língua latina, a palavra “Páscoa” foi mantida como uma transliteração da palavra “Pessach”, em hebraico). O nome “Easter” é proveniente de uma festividade de primavera celebrada por Assírios, Babilônios (e posteriormente Celtas), em adoração à deusa Ishtar (ou Ostara no mundo nórdico). Esta era a deusa da fertilidade; sendo assim, ovos e coelhos eram usados como simbolismos.
Em outras palavras, qualquer historiador ou qualquer enciclopédia atestará que a origem do ovo é pagã. Se temos a verdadeira Páscoa que era celebrada por Yeshua, pelos apóstolos e pela Igreja até o século VI d.C, por que deveríamos adotar costumes pagãos em nossas casas? Será que Yeshua endossaria a troca de ovos enfeitados e coelhos de chocolates? E por que o chocolate?
Então, vamos entender como o chocolate entrou na história…
Na Páscoa, a celebração da morte e ressurreição de Cristo deve ser tratada como um momento especial para que os cristãos reflitam sobre o significado da vida e do sacrifício daquele que fundou uma das maiores religiões do mundo. Contudo, muitas pessoas não compreendem qual a relação existente entre essa celebração de caráter religioso com o hábito de presentear as pessoas com ovos de chocolate.
Para esclarecer essa questão, precisamos voltar no tempo em que o próprio cristianismo estava longe de se tornar uma religião. Em várias culturas antigas espalhadas no Mar Mediterrâneo, no Leste Europeu e no Oriente, observamos que o uso do ovo como presente era algo bastante comum. Em geral, esse tipo de manifestação acontecia quando os fenômenos naturais anunciavam a chegada da primavera.
Não é por acaso, pois vários desses ovos eram pintados com algumas gravuras que tentavam representar algum tipo de planta ou elemento natural. Em outras situações, o enfeite desse ovo festivo era feito pelo cozimento dele junto a alguma erva ou raiz impregnada de algum corante natural.
Na antiguidade, este costume ainda se manteve vivo entre as populações pagãs que habitavam a Europa durante a Idade Média. Durante esse período, muitos povos realizavam rituais de adoração para Ostara, a deusa da Primavera. Em suas representações mais comuns, observamos esta deusa pagã representada na figura de uma mulher que observava um coelho enquanto segurava um ovo nas mãos.
Foi também durante este período que os clérigos tinham a preocupação de ampliar o seu número de fiéis por meio da adaptação de algumas antigas tradições e símbolos religiosos relacionados ao cristianismo. A partir de então, observaríamos a pintura de vários ovos com imagens de Jesus Cristo e sua mãe, Maria.
No auge do período medieval, nobres e reis de condição mais abastada, costumavam comemorar a Páscoa presenteando os seus parentes com o uso de ovos feitos de ouro enfeitados com pedras preciosas. Até que chegássemos ao famoso (e bem mais acessível) ovo feito com chocolate, foi necessário o desenvolvimento da culinária na Europa e, antes disso, da descoberta do continente americano.
Com isso, ao entrarem em contato com os maias e astecas, os espanhóis foram responsáveis pela divulgação do chocolate (considerado na época como sendo um alimento sagrado) no chamado “Velho Mundo”. Somente cerca de duzentos anos mais tarde, os culinaristas franceses tiveram a ideia de fabricar os primeiros ovos feitos de chocolate da história. Depois disso, a energia desse calórico extrato retirado da semente do cacau, também reforçou o ideal de renovação sistematicamente difundido na época.
Após a revolução industrial, com a oportunidade de fabricação de vários alimentos em grandes escalas (imagem abaixo), a indústria aproveitou para lucrar com o chocolate, como ainda é feito até os dias atuais.
Então, caros leitores. Comer chocolate pode ser gostoso e prazeroso, mas não devemos esquecer da verdadeira essência da Páscoa. Independentemente de sua religião e ideais, devemos recordar sempre que a origem está relacionada com a fertilidade e uma vida nova e próspera.
Até o próximo post da série Visão NERD!
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Visão NERD é uma série de posts onde o autor explica as origens de datas e/ou temas específicos com curiosidades e sempre envolvendo uma abordagem NERD. ESTE É O QUINTO TEXTO!
O QUARTO pode ser acessado em: Visão NERD: Você Sabe Por Que O Céu É Azul?
O TERCEIRO pode ser acessado em: Visão NERD: Dia Do Quadrinho Nacional
O SEGUNDO pode ser acessado em: Visão NERD: A Origem Do Réveillon
O PRIMEIRO pode ser acessado em: Visão NERD: A Origem Da Sexta-Feira 13!
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