Saudações, meus caros nerds quarentados de plantão! Tudo bom convosco? Neste mundo dicotômico em que vivemos, onde somos constantemente incentivados a nos posicionar de qual lado das forças estamos, quando o assunto é direita ou esquerda, PlayStation ou Xbox, Intel ou AMD, sempre fui categórico em afirmar que prefiro muito mais a DC do que a Marvel, ainda mais quando o assunto era cinema.
Crítico ferrenho de filmes do gênero, afirmava a plenos pulmões que os únicos três que realmente eram bons pertenciam a DC Comics. Atualmente, todavia, só para queimar a minha língua, a estratégia adotada pelos roteiristas da Warner Bros. para os filmes da editora está desvirtuando, totalmente, os conceitos e valores do seu público sobre o que é um vilão e qual o seu papel, produzindo, por consequência, títulos ruins e/ou passíveis de más interpretações.
Desde já aviso que, se é daqueles que costumam dar chiliques quando lê críticas negativas sobre algo que gosta, aconselho que deixe de ler esse texto, pois ele não é para ti. Já você, meu reflexivo nerd, sinta-se à vontade para concordar ou discordar das opiniões que colocarei aqui, tendo em vista que elas refletem minhas ideias, e não, necessariamente, o que pensa toda a galera que escreve para o Universo Nerd. Estamos combinados? Resolveu continuar? Tem certeza? Vamos lá então!
Desde Esquadrão Suicida, pensei que nunca mais fariam um filme tão ruim no qual o público se visse estimulado a torcer para bandidos. Aí veio Coringa, em 2019. Não que a obra fosse fajuta… muito pelo contrário! Trata-se de um baita filme, agraciado pela atuação brilhante de Joaquin Phoenix, cujas premiações – tanto para o filme quanto para o ator – recebidas no Oscar e Globo de Ouro, refletem seu valor artístico.
O problema está na forma em que sua narrativa, de um modo proposital, faz com que os mais desavisados acabem torcendo pelo Coringa durante o filme todo, pois ficam com dó do “pobre sujeito com problemas mentais que é ridicularizado e excluído pela sociedade”. Meus caros nerds conhecedores da Pragmática: o filme é narrado em 1ª pessoa! Quem conta toda a história, exclusivamente sob seu ponto de vista, é o próprio protagonista! Tem certeza de que você vai dar ouvidos ao ser mais insano e maldoso da DC?!
Mas, tudo bem! Preferi acreditar que o real propósito da Warner era causar esse impasse e reflexão por parte do seu público, e não simplesmente fazê-lo torcer, novamente, para o vilão da história, porque, no caso do Coringa, ele tem mais carisma do que Batman e Superman juntos e seria mais rentável tê-lo como garoto propaganda da companhia e milhões de fãs se identificando com ele. Quisera estar enganado… Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa só veio confirmar minha segunda hipótese.
Ri muito assistindo ao filme, mas confesso que foi de puro desgosto. Aves de Rapina tenta fazer uma mistura de garotas fofas como “As Patricinhas de Beverly Hills” com gracejos, trapalhadas e piadinhas de gente doida característicos em “Deadpool”. Não é preciso ser nenhum gênio da crítica cinematográfica para afirmar o quanto a obra é ruim, principalmente graças a seu enredo. Mas o foco aqui não é analisar a qualidade do filme, mas, sim, o de entender o motivo da Warner Bros. estar promovendo essa inversão nos papéis entre heróis e vilões nos filmes da DC Comics.
Tenho duas hipóteses e, de modo bem rápido, já as citei por aqui. A primeira delas é sobre carisma. Ao contrário da Marvel Comics, onde existem pessoas altamente carismáticas como um Wolverine e Homem de Ferro da vida, na concorrente temos o enfadonho Superman, o frio e rabugento Batman, além do trivial Aquaman. Cientes disso, a aposta da produtora para igualar as bilheterias seria investir no carisma dos vilões e convertê-los de antagonistas a protagonistas das histórias.
A segunda hipótese, bem pesada, por sinal, refere-se a questões como identificação, reconhecimento, projeção e empatia do telespectador para com o personagem. Muita viagem de minha parte? Explico, caro nerd! No nosso mundo real, o que é mais fácil para ti? Se ver refletido na imagem de uma pessoa rica, poderosa, que sempre vence e é adorado por todos? Ou talvez num ser cheio de problemas e contradições, que mais perde e se frustra do que ganha, que pode contar com pouquíssimos amigos e muitas inimizades, e que, por conta de tudo isso, reage de acordo, afinal, tudo o que passa de ruim é por culpa dos outros. Responde aí! Quais dessas alternativas mais se encaixa contigo?
Pois é! Creio que, cientes disso, a Warner Bros. continuará apostando nessa estratégia de inversão de papéis nos antagonistas da DC Comics. Apesar de ter rendido um filme excelente e dois porcarias, financeiramente, a fórmula se mostrou bastante eficaz e seria muita ingenuidade nossa acreditar que, até mesmo nessa indústria, a arte vem antes que o lucro.
Entretanto, acho perigosa essa mudança de paradigma que temos há séculos, onde o bem sempre venceu o mal e que os quadrinhos adotaram desde sua criação. Isso abre brecha para uma série de consequências negativas, em destaque, o surgimento de um sentimento coletivo de revolta, fortemente amparado no encontro, também massivo, de emoções melancólicas. Essa minha preocupação pode parecer boba e filosófica demais, mas isso se tivermos como base filmes tontos e ruins, tais como o Esquadrão Suicida e Aves de Rapina.
Mas no caso de obras bem feitas, como Coringa, esses sentimentos facilmente vêm à tona. Acaso tenham assistido a ele no cinema, notaram alguma diferença entre a histeria coletiva na cena final com o comportamento das pessoas dentro da sala? Pois então! Passemos a nos atentar a isso. Fica a dica!
Abraços e até breve!
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