Saudações, meus caros nerds psicóticos de plantão! Tudo bom convosco? No Tela Klassik de hoje, trarei à memória ao fazer aqui, no Universo Nerd, uma justa homenagem a um dos grandes clássicos do cinema. Longa esse que despertou em mim o gosto e, posteriormente, a predileção por filmes de suspense que envolvem seriais killers “humanos e mortais”, para deixar bem claro que não me refiro a Jason’s, Michael Myers’s e Freddy Krueger’s da vida.
A joia em questão é O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs), primeiro filme da franquia – em lançamento; não em cronologia – que em fevereiro desse ano completou três décadas de existência. O enredo, escrito por Ted Tally, teve origem do livro homônimo, de autoria de Thomas Harris, que foi publicado em 1988 e que dá continuação a Dragão Vermelho, de 1981. Deste último se originou o filme Caçador de Assassinos (1986), que trouxe um coadjuvante Dr. Hannibal Lecktor (não… você não leu errado!); isso gera um pouco de confusão e acaba por colocar o filme de 1986 como o primeiro a apresentar o Dr. Hannibal Lecter ao público, ainda mais porque, em 2002, foi lançado o filme Dragão Vermelho, – agora sim, com Lecter como um dos antagonistas – dando a impressão de que se tratava de um remake.
O Silêncio dos Inocentes foi dirigido por Jonathan Demme (mesmo diretor de Philadelphia) e teve no seu elenco nomes de muito peso, a começar por Anthony Hopkins no papel de Hannibal Lecter; Scott Glenn como o agente especial do FBI, Jack Crawford; Anthony Heald como o Dr. Chilton; Frankie Faison, como o agente carcerário, Barney; Ted Levine no papel do principal antagonista, Buffalo Bill; e Jodie Foster, no auge dos seus 27 anos, no papel da protagonista, Clarice Starlinng.
A história começa mostrando a jovem Clarice – uma agente do FBI prestes a terminar o seu curso de formação – durante um de seus treinamentos físicos sendo convocada a se apresentar ao experiente agente Jack Crawford. Jack, mentor de Clarice e amigo do seu falecido pai, oferece a ela a missão de entrevistar o Dr. Hannibal Lecter, um renomado psiquiatra que estava preso em um local de segurança máxima em Baltimore devido a assassinatos em série e canibalismo. Tendo em vista que a novata possuía ótima formação acadêmica em psicologia, o plano era que ela, com o auxílio de Lecter, conseguisse formular o perfil do assassino em série mais procurado do momento, Buffalo Bill, apelido dado como referência a sua prática de escalpelar suas vítimas.
Ambiciosa e afim de demonstrar serviço, Clarice aceita a missão e vai se encontrar com o periculoso maníaco. Após ser orientada pelo irritante e mal-intencionado Dr. Chilton (responsável pela instituição) e por Barney, enfermeiro carcerário que cuidava de Lecter, o encontro finalmente acontece. É perceptível o encanto e atração que Hannibal sente pela agente logo de cara. Essas emoções não são, de forma alguma, de cunho sexual, mas, sim, devido a simplicidade, ingenuidade e sinceridade que Clarice demonstra para com ele. Mesmo que de forma enigmática, o doutor começa a oferecer algumas dicas que possibilitam o FBI a avançar nas investigações nos casos dos crimes praticados por Buffalo Bill.
Tudo dá um grande salta quando, por coincidência, Buffalo Bill sequestra a filha de uma senadora dos Estados Unidos. Clarice é orientada a oferecer um acordo falso a Lecter como troca por informações que levem à prisão do serial killer. Porém, por meio de câmeras e microfones escondidos que gravavam os encontros entre a agente e o presidiário, o Dr. Chilton se antecipa, diz a Hannibal que ele estava sendo enganado pelo FBI e marca, pessoalmente, o encontro entre eles e a senadora em Memphis para que Lecter passasse as informações e ele pudesse ficar com a glória por ter ajudado na captura de Buffalo Bill, visando a promoção de sua carreira.
Amarrado a uma maca e amordaçado por uma focinheira (imagem clássica e caricata do personagem), Hannibal Lecter é transferido para o Tribunal do Condado de Shelby, onde se encontrou com a senadora e informou (erroneamente, por um anagrama que Clarice conseguiria decifrar) a identidade real de Buffalo Bill. Como parte do acordo, foi levado a uma cela especial de onde poderia usufruir de vários privilégios, tais como música, excelentes comidas à disposição, livros, etc. Mesmo sem mais autorização para lidar com o caso, Clarice consegue chegar até Hannibal para uma última conversa. Após todo o ataque psicológico que lança e faz com que Clarice revele o principal trauma de sua infância – e que justifica o nome do filme – Lecter deixa, na bolsa da moça, informações precisas que levariam a agente a decifrar o anagrama e ir atrás do verdadeiro Bill.
Com o caso dado por solucionado, bastando apenas a captura do serial killer, Clarice passa suas últimas informações a Crawford, que no momento estava indo prender Buffalo Bill em Chicago. O experiente agente a parabeniza e, como consolo por ela não poder participar da operação de captura, a autoriza a ir até Belvedere encontrar referências que conectassem Buffalo ao seu primeiro homicídio, pois o perfil criminal criado com a ajuda do Dr. Lecter indicava que ele observava suas vítimas por muito tempo antes de cometer os crimes. Sendo a primeira vítima desse condado, suspeitava-se que o assassino também deveria ser um dos habitantes locais, além de morar próximo do mesmo endereço dela.
Nesse intervalo, Hannibal, que havia escondido a caneta usada para assinar o acordo, consegue se soltar, matar os dois guardas que faziam a segurança e escapar. A cena é bem tensa e violenta, regrada ao som de uma bela música clássica! Lecter faz da cena do crime uma verdadeira “obra de arte”, capaz de chocar toda a força policial mobilizada para capturá-lo. Com pedaços da face do guarda (que havia arrancado a dentadas) presos em seu rosto, bem como vestindo o uniforme retirado da mesma vítima, o doutor finge-se de um dos guardas atacados e é levado às pressas ao hospital. Não é preciso citar, não é mesmo, meu sagaz nerd, que durante o trajeto ele matou todo mundo na ambulância e sumiu no mundo sem deixar nenhum vestígio, não é mesmo?
Horas depois, a missão de captura comandada por Crawford revelou que Hannibal havia passado informações enganosas e que, na realidade, era Clarice que estava indo ao local exato onde Buffalo estava. Como na época não havia celular, a novata chegou no local, uma casa bem erma, sem nenhuma informação do perigo que corria. Ela é recebida pelo maníaco, que há poucos momentos entrara em pânico porque a filha da senadora (sua última vítima) conseguiu fazer com que Preciosa, sua cadelinha, caísse no fundo do poço no qual estava sendo mantida presa.
Clarice entre na casa e começa a interrogá-lo, a fim de saber sobre o paradeiro dos antigos moradores. Bill fica totalmente estranho e nervoso com as perguntas e, assim que a agente observa uma mariposa dentro da residência – da mesma espécie dos casulos que eram encontrados dentro de suas vítimas para simbolizar o ato da “transformação” – ele entende que fora descoberto e foge para a parte subterrânea da casa. Clarice saca sua arma e decide ir atrás, mesmo sem nenhum auxílio e apesar de todo o medo que sentia. O maior nível de tensão do filme é justamente esse, principalmente após Buffalo apagar a luz do local. Clarice não conseguia enxergar um palmo longe do nariz, ao contrário do assassino, que usava óculos de visão noturna. Ele se aproximou lentamente atrás dela, porém, no momento em que ia matá-la, Clarice consegue escutá-lo e descarregar a arma com tiros certeiros em seu peito. A cena termina com Clarice, em choque no chão, tentando por mais munição na arma mesmo com Buffalo agonizando. Show de interpretação de Jodie!
Por fim, o filme termina mostrando a festa de formatura da agente Clarice no FBI. Durante o evento, ela recebe uma ligação. É isso mesmo, meu perceptivo nerd, é Hannibal do outro lado da linha! Ele parece estar em algum país da América Central ou África. Se despede de Clarice e pede a ela que não vá atrás dele. Clarice diz que não poderá cumprir essa promessa e Lecter se despede dizendo que não pode deixar um amigo em comum esperando. A câmera amplia o foco e podemos ver o Dr. Chilton (que provavelmente fora se esconder em um canto bem isolado do planeta) sendo escoltado por seguranças, enquanto o Dr. Hannibal o segue, tranquilamente.
O Silêncio dos Inocentes é tão espetacular e chamou tanta a atenção do público que, com um orçamento de US$19 milhões, só nos Estados Unidos conseguiu arrecadar cerca de US$130 milhões em bilheteria. Somando o que conseguiu nos demais países, as cifras sobem para algo estimado em US$275 milhões. Evidentemente, nem só pelo dinheiro é demonstrado a qualidade de um longa. E que tal sete indicações para o Oscar de 1992? Imagine só se, dentre essas sete indicações, conseguisse vencer cinco delas: o que dirias tu, oh exigente nerd, de um filme que conseguisse tais feitos?! Pois é… conseguiu!
Além de ter sido o primeiro filme de terror/suspense a vencer um Oscar como melhor filme, também levou os prêmios de melhor diretor, melhor ator, melhor atriz e melhor roteiro adaptado, além de outras duas indicações como melhor edição e melhor som. Com esses feitos, conseguiu ser o terceiro filme (depois de (Aconteceu Naquela Noite e Estranho no Ninho) a vencer o Oscar nas cinco principais categorias. Além do Oscar, também concorreu e/ou ganhou a vários outros prêmios de extrema importância, tais como o Globo de Ouro, BAFTA, Festival de Cinema de Berlim e Saturn Awards, por exemplo.
Sem dúvida alguma, O Silêncio dos Inocentes é um ícone do cinema e merece todas as homenagens possíveis. Depois dele, foi dada a devida atenção aos filmes do gênero, possibilitando que surgissem outras obras primas como Seven: Os Sete Pecados Capitais, O Sexto Sentido e Os Outros. Acaso não tenha assistido a qualquer um dos filmes mencionados nesse post, meu cinéfilo nerd, corra e atualize seu repertório, pois a qualidade de qualquer um deles é inquestionável!
Abraços e até breve.
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