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Grandes Nomes da Literatura: Machado de Assis

Grandes Nomes da Literatura: Machado de Assis

Olá, queridos leitores. Hoje, darei continuidade à série Grandes Nomes da Literatura, onde sempre falarei sobre algum escritor de algum período literário. Hoje falarei sobre um autor brasileiro, do qual gosto muito. Ele simplesmente domina a arte de compreender as emoções e sentimentos humanos. Estou falando de Machado de Assis. Vamos lá?

Um pouco sobre a vida do autor

Joaquim Maria Machado de Assis (1839 – 1908), foi um escritor brasileiro considerado por críticos, estudiosos, escritores e leitores, senão o maior, um dos maiores nomes da Literatura Brasileira. É nosso escritor mais completo, pois escreveu em praticamente todos os gêneros: era poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e até crítico literário.

Machado de Assis presenciou a Abolição da Escravatura e a mudança política do Brasil Império para o Brasil República. Além disso, presenciou muitos movimentos e reviravoltas literárias, sendo participante ativo e narrador detalhista de eventos político-sociais da época.

Por ser de família pobre, mal frequentou a escola pública e nunca foi à universidade. Porém, como era apaixonado pela vida boêmia e ficava encantado com a corte, batalhou desde cedo para subir socialmente e estar por dentro da cultura da época, além de abastecer-se de conhecimento intelectual para demonstrar uma certa superioridade.

Porém, para que houvesse uma ascensão em meio à uma sociedade de aparências, Machado de Assis passou por diversos cargos públicos, como no Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas. Dessa forma, conseguiu uma certa notoriedade, muito cedo, começando a publicar suas poesias e crônicas em jornais locais.

Ao atingir a idade madura, não só fundou junto com outros 11 escritores, como foi o primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de Letras, instituição literária fundada no Rio de Janeiro, com o intuito de cultivar a Língua Portuguesa e a Literatura Brasileira, além da tentativa de unificação do português brasileiro com o português europeu.

Obras

Foram muitas as obras escritas por Machado de Assis, particularmente, acho todas sensacionais, atingindo públicos e gostos diferentes, porém, com um estilo característico e peculiar deste autor.

Sua obra é formada por: 10 romances, 215 contos, 10 peças teatrais, 5 coletâneas de poemas e sonetos e 600 crônicas. Suas obras fizeram tanto sucesso que ainda hoje, é comum as editoras brasileiras publicarem algumas coletâneas especiais intituladas: “Obra Completa de Machado de Assis”

Estilo

Eu sempre digo para quem me conhece que Machado de Assis tinha um estilo de sarcasmo único. Acho fascinante a forma como ele abordava o comportamento humano, individual e em sociedade, com ironia, um certo deboche, ao mesmo tempo em que suas obras assumem um tom melancólico e até meio fúnebre.

Sua obra tem uma característica própria e despreocupada com relação às modas literárias da época. Os estudiosos da área afirmam que Machado de Assis possui 5 pilares fundamentais em seus textos:

  • Elementos clássicos: equilíbrio, concisão, moda lírica e expressional.
  • Resquícios românticos: são narrativas características e tradicionais ao enredo, atitude crítica e objetiva, recriação do passado através da memória, presença do “elíptico e alusivo” conectados a um tema com diversas leituras e interpretações.

Machado de Assis ficava no meio do caminho, quebrando todas as tradições dos outros escritores: enquanto os realistas esqueciam o narrador por trás da narrativa objetiva e os naturalistas se preocupavam com todos os detalhes do enredo, o escritor usava a fragmentação e utilizava a interferência na narrativa com o objetivo de dialogar com o leitor, comentando seu próprio romance, conto ou narrativa com metalinguagens, intertextualidade e claro, a arma mais corrosiva da crítica machadiana: a ironia.

Seu estilo tinha uma certa proximidade com as características Impressionistas: a ruptura linear, de modo que a narrativa não seguisse uma ordem lógica ou cronológica, ou seja, o autor abusava das idas e vindas na história.

Além disso, ele utilizava com excelência os arquétipos. Por exemplo: Em Esaú e Jacó, os irmãos Pedro e Paulo tem uma certa semelhança com o arquétipo bíblico da rivalidade entre os irmãos Esaú e Jacó, mas personificando a despedaçando a Monarquia, ao mesmo tempo em que o ciúme e a obsessão de Bentinho, em Dom Casmurro, remetem ao drama de Otelo, de William Shakespeare.

Primeiro beijo de Bentinho e Capitú, ilustrado por
Eduardo Schloesser

Machado de Assis fazia questão de desmascarar o cinismo e a hipocrisia política e social, principalmente em suas últimas obras, como em Memórias Póstumas de Brás Cubas. Essa obra, na minha opinião a melhor dele, é possível perceber o pessimismo que é predominante no decorrer da história, o ambiente sombrio e fúnebre, a “sujeira” da natureza humana. Prova disso: o narrador “morto”.

Em seu intelecto brilhante, o escritor fez uso do Microrrealismo: uma pausa na narrativa, para se dirigir à mente e à alma do ser humano, sem comprometer o quadro psicológico do enredo. Por isso, o autor não fazia economia de vocabulário, porém sua linguagem era medida pelo seu ritmo próprio. Sempre preocupado com o psicológico, entendia bem a psiquê humana.

Temática

Escravidão

Machado de Assis, em seus romances, abordava muito sobre a escravidão, do ponto de vista cínico do senhor de escravos, sempre criticando-os, é claro. Isso porque ele mesmo teria vivenciado uma experiência familiar com relação à escravidão, já que seus avós paternos eram escravos. Existem indícios dessa temática, principalmente em Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Em outras obras, ele fez duras críticas à escravidão, como em “Pai Contra Mãe”, onde ele disse: “A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos […]”…. esses ofícios e aparelhos dos quais ele falou, são os ferros que prendiam o pescoço e os pés dos escravos. Outro aparelho é a Máscara de Folhas-de-Flandres, a qual impedia que os escravos ingerissem comida ou bebida.

Como Castro Alves fazia críticas explícitas à escravidão, Machado de Assis criticava-a de maneira implícita.

Política: Monarquia e República

O escritor usava da dissimulação quando tratava a respeito da República e da Monarquia. Em Esaú e Jacó, podemos considerar a obra como uma alegoria sobre ambas as formas de governo, principalmente por se tratar da substituição de um pelo outro. Fica bem visível nas discussões entre Paulo, republicano, e Pedro, Monarquista, discutindo sobre a Proclamação da República.

Já em Dom Casmurro, fez alusão à maioridade de Dom Pedro II do Brasil, quando este resolveu assumir o trono aos quinze anos.

Humanitismo

Uma outra característica de sua obra é a abordagem da filosofia, muito peculiar a ele. Existe um questionamento da “lei do mais forte”, sobre o homem perante uma sociedade e o homem perante si mesmo. Dessa forma, a divulgação da ciência seria uma forma de desmascarar de forma irônica o caráter humano.

Existem outras temáticas abordadas de forma menos agressiva como: a homossexualidade presente em Bentinho (Dom Casmurro), quando ele se referia ao seu amigo, Escobar. O Ceticismo também sempre esteve presente, quando Machado de Assis questionava o que era relevante nessa vida e o que não era. Com relação à figura da mulher e sua beleza, o autor foi de um extremo a outro: ao mês o tempo que retratou o belo busto da personagem Lívia, relatou também o olhar malicioso de Capitú.

Algumas Obras

Mesmo que eu quisesse, seria difícil citar todas as obras aqui. Então, vou citar apenas as mais relevantes:

Romances:

  • A Mão e a Luva (1874)
  • Helena (1876)
  • Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
  • Quincas Borba (1891)
  • Dom Casmurro (1899)
  • Esaú e Jacó (1904)
  • Coletâneas de Contos
  • Relíquias da Casa Velha (1906)

Contos:

  • “Casada e Viúva” (1864)
  • “O Oráculo” (1866)
  • “História de uma Lágrima” (1867)
  • “Quinhentos Contos” (1868)
  • “O Capitão Mendonça” (1870)
  • “A Felicidade” (1871)
  • “Aires e Vergueiro” (1871)
  • “A Chinela Turca” (1875)
  • “A Igreja do Diabo” (1883))
  • “Missa do Galo” (1894)
  • “Pílades e Orestes” (1903)
  • “Marcha Fúnebre” (1905)
  • “Pai Contra mãe” (1905)

Até a próxima!

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Paula Souza

É Editora e Autora do UniversoNERD.Net, Professora de Língua Portuguesa e Inglesa, amante de leitura e Literatura, além de gamer nas horas vagas.

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