Olá, queridos leitores. Hoje quero falar para vocês um pouquinho sobre uma grande figura na área educacional. Vamos conversar sobre Paulo Freire, aproveitando a ocasião de comemoração dos 104 anos do educador, completados no dia 19 de setembro passado. Vamos lá?
Para quem não sabe, Paulo Freire é um dos nomes mais falados quando o assunto é educação. Quem já ouviu a seguinte frase?
“Educar é um ato de amor, por isso, um ato de coragem.”
Paulo Freire já colocava essa frase logo de cara, e não é à toa que virou o Patrono da Educação Brasileira. Vamos desenvolver o assunto com leveza, até porque não precisamos sair filosofando logo no início do nosso texto.
Mas, antes de continuarmos, vamos à biografia?
Paulo Freire nasceu em 1921, em Recife, e enfrentou dificuldades desde cedo, como a perda do pai aos 13 anos. Estudou com bolsa no Colégio Oswaldo Cruz e formou-se em Direito, mas dedicou-se à educação, especialmente à alfabetização de jovens e adultos.
Nos anos 1950 e 1960, desenvolveu um método inovador de alfabetização, aplicado com sucesso em Angicos (RN), que inspirou o Plano Nacional de Alfabetização. O projeto foi interrompido após o golpe militar de 1964, devido à sua associação com movimentos populares e à possibilidade de ampliar o eleitorado fora das elites. Freire foi preso e exilado.

Durante o exílio, atuou no Chile, lecionou em Harvard e trabalhou no Conselho Mundial de Igrejas, viajando por mais de 30 países e implementando projetos educacionais em nações africanas. Retornou ao Brasil em 1980, lecionou na PUC-SP e Unicamp, e foi secretário de educação de São Paulo entre 1988 e 1991.
Faleceu em 1997, aos 76 anos. Recebeu 48 títulos honoríficos e teve seu nome atribuído a cerca de 350 instituições. Em 2012, foi oficialmente reconhecido como Patrono da Educação Brasileira. Sua obra mais influente, “Pedagogia do Oprimido”, é uma das mais citadas nas ciências humanas mundialmente.
Agora…. voltando à nossa linha de pensamento…..
Imagine que aprender não é só decorar fórmulas ou repetir datas. Para Freire, educação é como uma conversa entre amigos: cheia de trocas, escuta e reflexão. Ele acreditava que ninguém educa ninguém sozinho: a gente aprende junto, mediatizado pelo mundo, pelas experiências e pelas histórias que carregamos.
Educar não é encher um balde, é acender uma chama.
Esta é uma ideia que Paulo Freire entenderia bem, embora ele preferisse dizer que educar é libertar. E não no sentido místico da coisa, mas libertar o pensamento, a fala, a escuta. Libertar o sujeito para que ele se reconheça como protagonista da própria história.
Paulo Freire não curtia aquela educação bancária, sabe? Aquela em que o professor deposita conhecimento e o aluno só saca quando tem prova. Para ele, aprender era mais como bater um papo de verdade, onde todo mundo tem algo a dizer e a escutar. E isso muda tudo.
Imagina uma sala de aula onde o saber do aluno, seja sobre a vida, o trabalho, a comunidade, é tão valorizado quanto o conteúdo do livro. É nessa troca que nasce uma educação transformadora. Uma educação que não só ensina, mas também escuta, acolhe e provoca.
Paulo Freire seguia por vários caminhos, mas vou abordar aqui, quatro desses caminhos que acho de mais importância.
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A importância do diálogo na educação
Na visão de Paulo Freire, o diálogo não é só uma técnica — é a essência do ato educativo. Ele acreditava que ninguém ensina sem aprender e ninguém aprende sem ensinar. O diálogo verdadeiro acontece quando há escuta ativa, respeito e abertura para o outro. É nesse espaço que o conhecimento floresce, não como imposição, mas como construção coletiva.
“Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não posso entrar em diálogo.” — Paulo Freire
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O papel do professor como mediador
Esqueça o professor como dono da verdade. Para Freire, o educador é um mediador, um provocador de curiosidades, alguém que ajuda o aluno a enxergar o mundo com olhos críticos. Ele não entrega respostas prontas, mas instiga perguntas. É como um guia numa trilha: conhece o caminho, mas deixa o outro caminhar com autonomia.
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Educação como prática da liberdade
Educar, para Freire, é libertar. Mas não no sentido de “soltar as amarras” sem rumo — é libertar o pensamento, a consciência, a capacidade de agir sobre o mundo. Uma educação libertadora não forma apenas profissionais, forma cidadãos capazes de transformar a realidade. E isso começa com o reconhecimento de que todo saber tem valor.
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Aplicações da pedagogia freiriana hoje
Mesmo décadas depois, a pedagogia de Freire continua viva. Está em projetos comunitários, em escolas que valorizam a escuta, em práticas que colocam o aluno no centro do processo. Em tempos de excesso de informação, sua proposta de educação crítica é mais atual do que nunca. Porque não basta saber — é preciso entender, questionar e transformar.

Método e Filosofia Educacional
Durante a Guerra Fria, o projeto norte-americano Aliança para o Progresso financiou iniciativas de combate ao analfabetismo na América Latina. Angicos foi escolhida como cidade piloto, e Freire liderou o projeto com um método centrado na realidade dos educandos. Ele defendia que:
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra.”
Seu método utilizava palavras do cotidiano dos trabalhadores – como “trabalho”, “barro”, “telha” – para promover não apenas a alfabetização, mas também a conscientização política e social. Essa abordagem provocou resistência de setores conservadores, que viam nela uma ameaça ideológica.
Características da Metodologia de Paulo Freire
- Alfabetização dialógica: Baseada no diálogo entre educador e educando, valorizando a experiência de vida do aluno.
- Palavras geradoras: Ensino começa com palavras do cotidiano dos alunos, que despertam reflexão sobre sua realidade.
- Consciência crítica: A alfabetização é um meio para desenvolver consciência social e política, não apenas aprender a ler e escrever.
- Educação libertadora: O objetivo é emancipar o aluno, tornando-o sujeito ativo na transformação da sociedade.
Filosofia educacional
- Contra a “educação bancária”: Rejeita o modelo em que o professor deposita conhecimento no aluno passivo.
- Educação como prática da liberdade: Ensinar é um ato político que deve promover autonomia e inclusão.
- Respeito à cultura do educando: A educação deve partir da realidade do aluno para ser significativa.
- Aprendizagem coletiva: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens educam-se entre si, mediatizados pelo mundo.”
Obras Fundamentais
Entre os quase 40 livros publicados, destacam-se:
- Pedagogia do Oprimido: Escrito por Paulo Freire em 1970, o livro propõe uma educação libertadora, baseada no diálogo entre educador e educando, além de uma educação baseada no diálogo e na emancipação dos oprimidos. Ele critica o modelo tradicional de ensino (“educação bancária”) e defende que o aprendizado deve partir da realidade do aluno, promovendo consciência crítica e transformação social. A obra é um marco da pedagogia crítica e busca emancipar os oprimidos por meio da educação.
- Educação como Prática da Liberdade: Escrito durante o exílio, esse livro é uma reflexão crítica sobre a educação tradicional e uma proposta de ensino voltado à inclusão social. Freire defende que a educação deve promover a conscientização dos oprimidos, valorizando o diálogo, a cultura popular e a participação ativa dos educandos. A obra propõe uma pedagogia que liberta, em vez de domesticar, e que reconhece a educação como ferramenta essencial para a transformação da sociedade.
- Pedagogia da Autonomia: Publicada em 1996, essa obra apresenta orientações éticas e pedagógicas para educadores. Freire defende que ensinar exige respeito ao saber do aluno, escuta ativa, curiosidade, humildade e compromisso com a transformação social. Ele afirma que não há docência sem discência — ou seja, ensinar e aprender são processos inseparáveis. A educação deve ser crítica, reflexiva e baseada no diálogo, promovendo autonomia e consciência dos educandos.
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