Olá, queridos leitores. Vocês já ouviram falar sobre Haicai? Não? Hoje, quero contar um pouquinho para vocês sobre esta forma poética, a qual valoriza a expressão de forma bem concisa. Vamos lá?
Haicai, chamado também de Haiku ou Haikai, é uma forma de poesia curta, de origem japonesa. Essa palavra, haicai, é formada por dois termos: “hai”, significa brincadeira ou gracejo, e “kai”, que significa harmonia. De certa forma, podemos dizer que é um poema com um certo toque de humor.
Esta forma poética surgiu por volta do século XVI e se tornou bem popular ao redor do mundo.
Apesar de ter uma característica bem objetiva e concisa, como já dissemos, são poemas que possuem uma valorosa carga poética. Seus escritores são chamados de Haicaístas.
Estrutura
O Haicai possui uma estrutura específica, com uma forma fixa, composta de três versos, formado por 17 sílabas poéticas. Para quem não se lembra, as sílabas poéticas são contadas auditivamente e não gramaticalmente como estamos acostumados a fazer.
No Haicai, como disse antes, são 17 sílabas poéticas:
- Primeiro verso: 5 sílabas poéticas (pentassílabo)
- Segundo verso: 7 sílabas poéticas (heptassílabo)
- Terceiro verso: 5 sílabas poéticas (pentassílabo)
Exemplo:
Há uma controvérsia com relação a presença ou não do Título. No Haicai é totalmente dispensável, porém um simples título pode fazer toda a diferença na interpretação. Observe: sem o título, o gosto da amora está vivo e presente no poema. Essa sensação traz um momento de serenidade, chega a ser intenso.
Porém, o título desse poema é “Infância”. Já com o titulo, o gosto da amora remete ao passado, como se evocasse uma lembrança e não fosse sentido imediatamente. Veja só…
…através do título, o sentimento provocado recria uma lembrança como algo perdido, esquecido. Sem o título, temos uma sensação imediata. Interessante, não é?
O Haicai foi se modificando com o tempo, por esse motivo, alguns escritores não seguem mais esse padrão de sílabas, ou seja, possui uma métrica livre, com dois versos mais curtos e um mais longo. Os Haicais são poemas objetivos com uma linguagem simples e podem ou não apresentarem um esquema de rimas.
Os temas mais explorados, nos Haicais tradicionais, eram referentes ao cotidiano e à natureza. Nos Haicais modernos, os temas explorados são o amor, problemas sociais, sentimentos, entre outros.
No Brasil
Por influência francesa, o Haicai chegou ao Brasil no século XX, trazido pelos imigrantes japoneses. Sua primeira aparição aqui foi através do teórico literário Afrânio Peixoto, em comparação à obra “Trovas Populares Brasileiras”, de 1919.
Segundo o teórico, o Haicai é uma forma elementar de arte, mais simples que nossa trova popular. Nesses versos vazam emoções, imagens, comparações, suspiros, desejos, tudo com um encanto intraduzível.
Atualmente, no Brasil, vários escritores aderiram o estilo: Afrânio Peixoto (1876-1947), Guilherme de Almeida (1890-1969), Jorge Fonseca Jr. (1912-1985), Fanny Luíza Dupré (1911-1996), Paulo Leminski (1944-1989), Millôr Fernandes (1923-2012) e Olga Savary (1933).
A primeira obra publicada, aqui no Brasil, de autoria feminina, foi “Pétalas ao Vento – Haicais”, de Fanny Luíza Dupré.
Veja abaixo alguns exemplos de haicais do Brasil:
“Observei um lírio:
De fato, nem Salomão
É tão bem vestido…”
(Afrânio Peixoto)
“Caçador de estrelas.
Chorou: seu olhar voltou
com tantas! Vem vê-las!”
(Guilherme de Almeida)
“Viver é super difícil
o mais fundo
está sempre na superfície”
(Paulo Leminski)
“Nos dias quotidianos
É que se passam
Os anos”
(Millôr Fernandes)
Bem… vou ficando por aqui. Até a próxima!
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