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Videogame e Violência: Culpado ou Inocente?

Videogame e Violência: Culpado ou Inocente?

Olá, queridos leitores. Hoje quero abordar um assunto com vocês sobre o qual já se falou muito, mas ainda causa polêmica e gera discussões infindáveis: os jogos de videogame violentos são frequentemente associados e culpados por atos violentos cometidos por jovens. Será?

Há quase um mês atrás, no dia 13 de Março, dois jovens invadiram uma escola em Suzano, na Grande São Paulo, atacando alunos e funcionários. Desse ato, resultaram 8 mortes (isso sem contar os autores do ataque), deixando também 11 pessoas feridas.

Graças a atos como esse, a antiga discussão muitas vezes abrandada, ressurge como a Fênix das cinzas: o videogame é o motivo de tanta violência entre nossos jovens?

Mas, o assunto ganhou uma proporção muito maior, após uma declaração do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, onde ele deixa entrelinhas que os jogos eletrônicos, associados a outros déficits, como falta de atividades sociais e educativas, influenciam no comportamento violento do público em questão.

Porém, é necessário analisar vários aspectos, antes de fazer tal afirmação. Vejam: há muitos anos atrás era possível, em alguns lugares ou bairros mais tranquilos da cidade, permitir que os jovens frequentassem as casas um dos outros. Não que não existisse violência, mas talvez não estivesse tão escancarada como hoje, que nem em um condomínio fechado, que teoricamente deveria ter um certo tipo de segurança, podemos confiar.

Outro fator que influencia: os pais precisam sair para trabalhar e garantir o sustento de suas famílias, deixando, muitas vezes, os filhos em uma escola em período integral ou em casa, sob os cuidados de alguém, avós, tios, irmãos ou até mesmo da empregada. Mesmo que alguns pais tentem manter uma supervisão à distância, de repente, ficar em casa sozinho, não parece tão atrativo para que um adolescente se sinta motivado a se divertir com algo que não seja eletrônico. Até mesmo pela praticidade de se divertir on-line com os amigos, o que há tempos atrás era feito presencialmente.

Videogame: Culpado ou Inocente?

Não é a primeira vez que o videogame faz papel do grande vilão da história. Quem de nós nunca ouviu que jogar videogame demais “fazia mal para as vistas”? Ou ainda, é muito comum vermos os pais culparem o videogame pelo sedentarismo dos filhos ou pela falta de interação social.

Esse tipo de argumento não deixa de ter uma lógica. Mas, esperem um pouco. Agora, falando como mãe: estamos falando de quem? Adolescentes? Quem é o responsável por eles? Os pais ou quem faz as vezes dos mesmos na vida e na educação desse público!

Estamos falando aqui de excessos, ok? Muitas horas jogando sem interrupção, a falta de hábitos saudáveis e rotinas, essenciais à qualquer ser em formação.

Adolescentes, em sua maioria, não têm a capacidade de estabelecer limites e é ai que entram os pais ou responsáveis, não só através dos limites, mas também do diálogo.

Ataques terroristas podem ter como motivação questões políticas ou de ideais. Seja qual for o ato violento ou sua motivação, com certeza não vai diminuir a dor de quem perde um ente querido e é necessário entender o por quê esse ato foi gerado.

Porém, quando um ato desse porte ocorre, sem que o autor tenha tido qualquer tipo de envolvimento ou contato com atos violentos, ou sem qualquer motivação aparente, existe uma forte tendência em se culpar o fator mais próximo e que apresente uma maior lógica de ligação: de onde surgiu a ideia de um ataque, por parte de um jovem que nunca teve antecedentes ou qualquer outra questão que o motivasse a um ato desse porte? Ele jogava? Se sim, provavelmente a culpa cairá sobre esse fator, pois alguém precisa ser culpado e essa é a causa mais provável.

Mas, o que muitas pessoas esquecem é que não são somente os jogos que mostram violência: os filmes, os quadrinhos, as séries, os livros e até mesmo as músicas, podem ser alvos de culpa por tais atos. Então, se seguirmos essa linha de raciocínio, teríamos que vetar tanta coisa, não é?

O fato do qual todos se esquecem é que o público em questão é imaturo e precisa de alguém com maturidade suficiente para dizer quais são os limites permitidos. Na tentativa de se encontrar um culpado, as autoridades esquecem que atentados como o de Suzano são provocados por vários fatores, principalmente sociais e psicológicos.

O que as pesquisas dizem…

Todos se lembram do massacre de Columbine (EUA), em 1999, não é? O grande vilão na época foi o jogo Doom (imagem abaixo). De lá para cá, vários estudos foram e continuam sendo feitos para comprovar que um jovem que joga videogame é tão propenso a atos violentos como um que não joga. É a conclusão a que chegou o estudo feito pela Universidade de Oxford, divulgado em fevereiro deste ano, feito com mais de 1.000 adolescentes e seus pais.

Doom 1992 1 - Videogame e Violência: Culpado ou Inocente?

O Professor Andrew Przybylski, que liderou a pesquisa, afirma que durante o jogo ou após, os adolescentes até podem demonstrar algum sentimento de frustração relacionado ao jogo, mas nada que desencadeie uma atitude agressiva na vida real. Afirma, ainda, que talvez alguns estudos passados tenham sido conduzidos por pessoas com um certo preconceito com relação aos jogos de videogame e por esse motivo, as conclusões tenham sido um pouco distorcidas. Foi o que aconteceu com estudos feitos utilizando os jogos Wolfenstein e Mortal Kombat (imagens abaixo).

Wolfstein 1992 - Videogame e Violência: Culpado ou Inocente?
MK 1992 - Videogame e Violência: Culpado ou Inocente?

Foi o caso do Massacre do Realengo, em 2011, onde um determinado veículo da mídia exibiu uma reportagem insinuando que o videogame teria sido o responsável pelo massacre cometido pelo jovem autor da atrocidade. Mas meses depois, a Polícia Federal descobriu que o autor teria sido incentivado por um fórum anônimo que promovia discursos de ódio contra mulheres, negros, homossexuais, judeus e nordestinos.

Com relação ao massacre de Suzano, a Polícia Federal também investigou o envolvimento do autor com um desses fóruns, aliás, pertencente ao mesmo fórum do massacre citado no parágrafo anterior. Ou seja, participantes desses jogos podem até ter algum jogo, série, filme, quadrinho ou livro preferido, mas com certeza não é isso que alimenta suas ideias radicais.

Concluindo

Assim como não podemos dizer que a culpa por tais atos violentos é única e exclusivamente dos videogames, também não podemos atribuir com 100% de certeza aos grupos e indivíduos extremistas. O que quero dizer hoje para vocês é que estas são questões bem mais complexas e graves.

Existem discussões que talvez pudessem ser levadas aos gamers, como por exemplo, o fato de algum ato violente se mostrar banalizado em determinado jogo. Mas, não devemos nos isentar de qualquer responsabilidade sobre a criação de nosso adolescentes também, monitorando seus passos dentro do possível, até que atinjam uma certa maturidade.

Esse é um assunto que deve ser refletido com muita cautela, analisando todos os pontos necessários. Videogame não é arma e infelizmente, vivemos em uma sociedade adoecida psicologicamente e moralmente. O que vocês acham?

Ate a próxima!

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Paula Souza

É Editora e Autora do UniversoNERD.Net, Professora de Língua Portuguesa e Inglesa, amante de leitura e Literatura, além de gamer nas horas vagas.

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