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Precisamos Falar Sobre: True Detective – 4ª Temporada

Precisamos Falar Sobre: True Detective – 4ª Temporada

Saudações, meus caros detetives nerds de plantão. Tudo bom convosco? Por mais uma vez, em um período de bonança, onde as plataformas de streaming lançam temporadas e novas séries aos montes, guardei o melhor título – em termos de expectativa – para o final. Entretanto, ao contrário das outras vezes em que cumpri esse meu ritual peculiar, acabei frustrado. Dado à cadência, tensão e os detalhes minuciosos para a resolução das tramas das três primeiras temporadas, minha expectativa foi às alturas com o anúncio da quarta edição, ainda mais com toda a campanha de marketing para promovê-la. Mas não dizem por aí que a alta expectativa é a mãe da frustração? É por esses e outros motivos que, hoje, precisamos falar sobre a quarta temporada de True Detective.

Lançada pela HBO entre os dias 14 de janeiro a 18 de fevereiro de 2024, True Detective: Terra Noturna foi escrita, produzida e dirigida por Issa Lópes, não contando, pela primeira vez, com a participação de Nic Pizzolatto (seu criador) em qualquer função que envolvesse o roteiro da série. Dividida em seis episódios com média de 60 minutos de duração, a obra traz Jodie Foster como a estrela principal, no papel da chefe de polícia Liz Danvers. Além dela, fazem parte do elenco a ex-boxeadora Kali Reis, como a policial estadual Evangeline Navarro; Christopher Eccleston, como o capitão Ted Connelly; Isabella Star LaBlanc, no papel de Leah Danvers, enteada de Liz; Finn Bennett, como o policial novato Peter Prior; dentre outros.

Como sinopse, tem-se o desaparecimento e morte misteriosa de oito cientistas de uma estação de pesquisa localizada na fictícia cidade de Ennis, Alasca. Na estação, foi encontrada apenas uma língua decepada, que a polícia, comandada pela chefe Danvers, acredita pertencer a uma mulher indígena, habitante nativa característica da região. Posteriormente, os pesquisadores são encontrados bem longe do local, totalmente nus e congelados. A policial estadual Navarro – também pertencente à etnia regional – acredita que o mistério esteja associado à morte não resolvida de outra moradora local, oferecendo sua ajuda para auxiliar Danvers nas investigações. Com base nesses pressupostos, tem início toda a trama da série.

Baita sinopse, não é mesmo, meu perito nerd?! Imagine toda a inteligência criminal que será necessária para resolver esses quebra-cabeças! Pense no quanto as detetives terão que ser sagazes e atentas aos detalhes para ligar os fatos e dar continuidade às investigações! Imagine quantos recursos tecnológicos e forenses (tais como análises avançadas de amostras de DNA, máquinas para procurar evidências em terrenos cobertos por neve e equipamentos policiais para ambientação em temperaturas extremas, por exemplo) aparecerão e trarão brilho à série! Idealizou tudo isso? Pois é! Eu também… e erramos feio!

A grande frustração que foi para mim essa quarta temporada jaz exatamente aqui. Enquanto as edições anteriores contaram com todo um processo investigativo que ocorria em decorrência da sagacidade dos investigadores e dos recursos que dispunham nas épocas que vivenciavam, nesta atual temos uma chefe de polícia despreparada para lidar com investigações, comandando um departamento mal equipado e praticamente amador em um local remoto e de clima hostil, que insiste em chefiar a resolução dos crimes por puro bairrismo e teimosia! Sua parceira, por vez, contribui valendo-se dos seus músculos e poderes místicos.

E aqui temos outro fator que contribuiu muito para aumentar minha decepção em relação à série: o excesso de misticismo e sobrenaturalidade. Boa parte do rumo que as investigações tomam é devido às visões e intuições da policial Navarro. Pertencente à etnia nativa local (Iñupiaq), por mais que tente reprimir seus “poderes”, a indígena passa por momentos – que ocorrem ao longo de toda a temporada – em que ouve sussurros de espíritos indicando onde deve ir, tem visões do passados e pequenas premonições, se teletransporta espiritualmente para outros lugares, além de outras habilidades que, independentemente de qualquer crença, não deveriam fazer parte de questões onde somente a lógica e provas incontestáveis são válidas para dar um caso como solucionado.

Além de Navarro, outro personagem bastante peculiar devido a seus dons é Rose Aguineau. Quem encontrou os primeiros corpos dos cientistas desaparecidos foi ela, enquanto perseguia o seu marido pelas geleiras. Porém, vale destacar um detalhe bem “básico”: ela era viúva! Entende, experiente nerd, o quanto o sucesso das investigações ao final da temporada dependeu de “sorte sobrenatural”? Outro ponto muito interessante sobre Rose é que ela é, provavelmente, a mãe do detetive Rust Cohle da primeira temporada, já que ele cita em um dos episódios que seu pai se chamava Travis, morava no Alasca e estava em processo de quimioterapia; Travis é o nome do marido de Rose, que morreu justamente de câncer.

Enfim, True Detective: Terra Noturna é boa? Sim, é. Vale a pena assisti-la? Certamente vale. Contudo, analisando pelo que se propõem as obras pertencentes ao gênero suspense investigativo, ela deixa muito a desejar em comparação às temporadas que a antecedem (principalmente a primeira e terceira), pois insere elementos não-naturais para a solução do quebra-cabeça que são primordiais para tal, por mais que, bem no final da série, tentem esclarecer tudo com o máximo de naturalidade possível. Haverá uma explicação plausível para o desaparecimento dos cientistas; mas nada (além de espiritualidade) que justifique o processo de investigação de Danvers e Navarro até ali.

Abraços e até breve.

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Lukas Melo

É Editor e Autor do UniversoNERD.Net. Profissional da área de EaD, aficionado por RPG, hardware e cinema. Porém, não nega outras nerdices.

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