Saudações, meus caros nerds de plantão! Tudo bom convosco? No presente artigo, tecerei meus comentários sobre uma obra que vai totalmente na contramão dos costumes tidos como “ideais” para compor o modelo conservador da chamada “tradicional família brasileira”. Por isso, peço que se desvencilhem de todos os seus preconceitos, pois, hoje, precisamos falar sobre Manhãs de Setembro.
Recém estreada (25/07) e ainda em destaque na Amazon Prime, Manhãs de Setembro é uma série nacional idealizada e dirigida por Dainara Toffoli, diretora e roteirista gaúcha. No elenco, temos a protagonista, Cassandra, interpretada pela atriz e cantora trans, Liniker de Barros; Karine Teles como Leide; o ator mirim, Gustavo Coelho, como Gersinho; Thomas Aquino no papel de Ivaldo; o eterno “titã”, Paulo Miklos, como Décio; Gero Camilo como Aristides; dentre outros.
Os cinco episódios contam a história de Cassandra, uma travesti que, trabalhando de motoboy e cantando a noite em uma boate LGBT, consegue alugar uma quitinete no centro de São Paulo, tornando-se independente. Porém, quando pensava que finalmente poderia gozar a vida junto de Ivaldo, um garçom com quem namorava, surge Leide, uma mulher com quem tivera uma relação antes de se travestir, trazendo Gersinho, seu – até então – desconhecido filho.
Leide e Gersinho são sem-teto e moram em um carro abandonado debaixo de um pontilhão. Alegando precisar de alguém para tomar conta do menino enquanto procura emprego, Leide leva o garoto para conhecer seu pai, enrolando Cassandra de todas as formas para que pudessem ficar na quitinete por uns dias e, assim, dividirem a responsabilidade para com o filho.
Pasmada com a repentina situação, a protagonista vê sua vida virar de cabeça para baixo e, ao passo que contempla sua rotina e sonhos (que estavam tão próximos) esfarelarem- se um a um, se afunda numa crise de tristeza e incertezas, muito bem ilustradas, por sinal, pelas canções da Vanusa que compõem a trilha sonora da obra. Tudo isso se intensifica no decorrer da série pois, mesmo tratando muito mal o filho que acabara de conhecer, recebe admiração e carinho por parte da criança.
Sem dúvida alguma, meus complacentes nerds, Manhãs de Setembro não é para qualquer um. Apesar do enredo não ser nada original (na verdade, é bem previsível!), por acontecer com esses personagens em questão, desagradará muitos intolerantes, religiosos, conservadores e hipócritas por aí. Temas como a influência da criação por pais homossexuais, traição, relação afetiva entre o mesmo sexo e situação socioeconômica de crianças em idade escolar, estarão escancarados aos mais antenados à realidade brasileira que optarem por assisti-la.
Enquadrada no gênero “drama”, por mais ficcional que seja, a série imerge o telespectador na realidade nua e crua da capital paulista; realidade essa que, na maioria das vezes, é ignorada e marginalizada – quando não, desconhecida – por boa parte da população da metrópole. Nela, o amor não é retratado na perspectiva heterossexual. Não há luxo, nem ostentação. A constituição da família, bem como sua condição de vida, não é a mesma mostrada pelas novelas tradicionais. Ou seja, em Manhãs de Setembro, tem-se o “lado B” da vida real.
Abraços e até breve.
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