Olá, queridos leitores. Hoje, dando continuidade à série Grandes Nomes da Literatura, vou contar um pouquinho para vocês sobre um dos primeiros autores com o qual tive contato e do qual gosto bastante: Luís Vaz de Camões. Vamos lá?
“Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste…”
Quem nunca viu esse pequeno trecho? É apenas uma parte bem pequena dos muitos sonetos de Camões…
Um Pouquinho sobre o Autor
Luís Vaz de Camões foi considerado como um dos maiores nomes da Literatura Lusófona. Para quem nunca ouviu falar sobre isso, Literaturas Lusófonas são todos os tipos de Literatura escritas em Língua Portuguesa. Camões também foi considerado um dos grandes poetas do Ocidente.
Não se sabe muito sobre sua vida, mas ao que tudo indica nasceu em Lisboa, parte de uma pequena família da nobreza, recebeu educação nos moldes tradicionais, dominava o latim e conhecia muito a fundo as literaturas e as histórias antigas e modernas.
Não existe nenhum documento que comprove sua passagem pela Universidade de Coimbra, mas ao que tudo indica, ele teria estudado lá.
Era frequentador assíduo da corte do rei D. João III e por seu “eu” poeta lírico, envolveu-se em amores com várias damas da nobreza e também com plebeias, além de ser boêmio e ter uma vida bem turbulenta, como narram suas histórias.
Segundo as histórias contadas sobre Camões, graças a um desses amores frustrados, ele teria se exilado na África por conta própria e se alistado ao exército, onde acabou perdendo um de seus olhos.
Vários anos se passaram e ele foi para o Oriente, onde lutou bravamente ao lado das frotas portuguesas, enfrentando várias adversidades. Foi dessa época que nasceu sua obra mais conhecida: a epopeia, Os Lusíadas. Vou dizer a vocês que é minha obra favorita.
Ao retornar à Portugal, publicou Os Lusíadas e recebeu do rei D. Sebastião, uma pensão por ter prestado serviços à Coroa. Mesmo assim, o final de seus dias foi de bastante sofrimento e privações.
Logo após sua morte, sua obra lírica foi reunida em uma coletânea intitulada Rimas, fora três obras de teatro. Suas obras passaram a ter um maior reconhecimento após sua morte, tanto em valor estético, como em prestígio. Vários grandes nomes da literatura europeia passaram a admirá-lo e seu padrão de escrita influenciou vários poetas, em diversos países. Inovou a língua portuguesa e passou a ser um dos maiores símbolos de identidade da comunidade lusófona internacionalmente.
Obras
Camões presenciou o final do Renascimento na Europa, período onde aconteceram muitas mudanças na sociedade e na cultura. Além disso, esse período marcou o final da idade Média e o início da Idade Moderna, ou seja, do feudalismo ao capitalismo, certo?
Esta fase se chamou Renascimento pois redescobriu e valorizou as referência culturais antigas, dando rumo à um ideal humanista e naturalista, os quais colocavam o homem como centro do Universo, como alguém que buscava conhecimento, privilegiando a razão e a ciência.
Nesse período, das grandes navegações, o espírito de educação intelectual e pesquisa científica estava em destaque. Tudo isso levou a um conceito otimista da humanidade.
Podemos dizer que o Renascimento foi uma tentativa de mesclar o paganismo com a religião cristã, com influência orientais, judaicas e árabes, sem deixar de lado o estudo da magia, da astrologia e das ciências ocultas.
O trabalho de Camões vai ser dividido em três gêneros: lírico, épico e teatral. A sua obra lírica foi apreciada logo no início, pois demonstrou virtuosidade, simplicidade e espontaneidade, com um toque delicado de ironia e cheio de vida. Ele elevou a poesia à outro nível, com perfeição e maestria.
Lírico
A forma perfeita de sua lírica teve uma forte influência Renascentista italiana. Característica dessa influência vem os decassílabos e as formas fixas do Classicismo, o forte equilíbrio entre a disciplina, a formalidade e a reflexão sobre o amor e a vida. Camões é autêntico, pois seus sonetos contêm tudo que ele pensa. Sempre foi transparente, talvez pela influência de sua vida amorosa sofrida.
Abaixo um dos poemas mais bonitos (na minha opinião), da vasta obra de Camões:
Em seus sonetos e poesias, Camões é influenciado fortemente por Platão e por Santo Agostinho, ressaltando três aspectos:
- Preexistência da alma: as almas foram colocadas, cada uma, em sua estrela, por isso guardam a contemplação das verdades e das Belezas absolutas.
- Reminiscência: os sentidos são uma ocasião do conhecimento, com o objetivo de tornar a alma consciente.
- Do sensível à ideia: segundo Platão, as ideias são imagens imperfeitas da realidade, sem forma e sem cor, não pode ser tocada.
Se Camões tivesse se mantido em sua terra Natal, como um poeta da corte, provavelmente nunca teria atingido seu nível e maestria na arte de empregar as palavras. Suas experiências, em suas muitas aventuras, enriqueceram e transformaram sua visão de mundo, desenvolvendo seu talento.
Graças à sua arte, conseguiu se libertar de tudo que havia passado, de todo sofrimento e angústia, da saudade do lar. Fatos marcantes que influenciariam outros escritores de épocas bem mais adiantes. Seus poemas se destacam, justamente, pela sinceridade e honestidade de sentimentos.
Épico
Bom, nem preciso falar para vocês que em se tratando de obras épicas de Camões, a maior e, na minha opinião, a mais bela é Os Lusíadas. Li a primeira vez aos meus 14 anos e nunca mais esqueci.
Como o nome sugere, a narração se passa em torno do povo luso. Considerado o maior poema épico de toda a língua portuguesa, o texto é composto pela luta entre a deusa Vênus, protetora dos portugueses, e Baco, deus dos vinhos e das festas. O cenário é a viagem de descobrimento da índia, e a conquista da África e da Ásia pelos reis conquistadores.
Por entre os episódios narrados, como Inês de Castro, Velho do Restelo (figura de capa deste artigo), Gigante Adamastor e Ilha dos Amores, o poeta se mostra desiludido com a decadência de sua pátria amada.
A obra tem como base Homero e Virgílio, poetas grego e latino, juntamente com seus mundos mitológicos de uma maneira diferenciada de mistura entre a mitologia e o catolicismo.
Teatral
Neste quesito, Camões é extremamente sarcástico, principalmente quando se trata da nobreza. Em suas peças, sempre procura satirizar situações vividas pelos nobres e sua prole. É o caso da obra El-Rei Seleuco, onde ele ridiculariza o rei que deseja desposar a mulher à qual seu próprio filho ama. Ironiza a falsa moral presente na alta sociedade.
O tema da peça, a fervorosa paixão de Antioco, filho do rei Seleuco, por sua madrasta, a rainha Estratonice, foi inspirado em uma história antiga, transmitida por Plutarco e Petrarca, no melhor estilo Gil Vicente.
Para Camões, a mulher era vista da maneira mais angelical e nobre, misturando, muitas vezes, o desejo carnal e o desejo ideal do amor sem interesse.
Espero que tenham gostado! Até a próxima!
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