Saudações, meus caros nerds de plantão! Tudo bom convosco? Cá estou novamente para falar com vocês sobre um game que jamais cogitara em dar qualquer tipo de “ibope” aqui no Universo Nerd. Entretanto, devido a sua enorme relevância, tanto em rentabilidade quanto em questões de quebras de paradigmas sociais, não posso me deixar vencer ante à aversão que tenho do gênero a qual o jogo pertence e, simplesmente, me calar.
Estou falando de Free Fire Battlegrounds. Trata-se de um battle royale (estilo de game que consiste num grupo de 50 paraquedista que, sem mais nem menos, caem numa ilha e têm que se matarem) desenvolvido pela singela 111dots Studio, desenvolvedora vietnamita, e publicado pela Garena, distribuidora singapuriana. As plataformas suportadas é a Android e a iOS.
Porém, meu nobre nerd esfregador de tela de smartphone, não venho aqui apresentar e explicar o funcionamento do jogo a vocês, pois além de eu não conhecimento para tal, seria totalmente desnecessário, já que Free Fire é o game mais popular do Brasil. Tampouco, mostrar dados que comprovam os números astronômicos de dinheiro que ele movimenta.
O que mais me chama a atenção no jogo e que pretendo divagar por aqui é a enorme popularidade que ele atingiu, principalmente entre as classes mais humildades da população, e a possibilidade que fornece aos jovens de periferia de também tornarem-se jogadores e/ou streamers profissionais. Em suma, isso se deve ao fato da leveza e gratuidade deste battle royale que, consumindo pouquíssimos dados de conexão com a internet, roda em qualquer celular com Android ou iOS.
Em tempos de alta do dólar, consoles de última geração e pc’s gamer são sonhos cada vez mais distantes da realidade da maior parte dos brasileiros. Conscientemente ou não, os desenvolvedores e a publicadora de Free Fire promoveram uma espécie de inclusão no mundo dos e-Sports ao possibilitar que o jogo pudesse ser jogado em modo competitivo (rankeado) a partir de um equipamento convencional e acessível.
Isso abriu margem para que jovens humildes que se destacavam no cenário fossem convidados a ingressar em equipes profissionais para disputar os diversos torneios e ligas, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo. E o salário dessa galera não deve ser baixo! O jogo já movimenta receitas na casa dos bilhões de dólares… Santos, Flamengo, Corinthians e equipes já consagradas nos esportes eletrônicos mantêm equipes no cenário… Sendo assim, é uma boa chance de ascensão social a essa juventude periférica.
A foto acima mostra a arena montada no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, onde, no final do ano passado, a equipe do Corinthians venceu o campeonato mundial de Free Fire, denominado World Series. Durante o evento, o pico de audiência no Youtube foi de 1.3 milhões de pessoas assistindo simultaneamente! No total, houve mais de 18 milhões de acesso só no Brasil. A visibilidade do jogo é tão grande que outra opção rentável é streamar o jogo Youtube, Twitch TV ou outra plataforma. Para tanto, é necessário um investimento um pouco maior em equipamentos e também contar mais com a mescla de sorte com carisma do que com as habilidades in game para se alcançar algum sucesso.
Enfim, Free Fire tá aí e é uma realidade já consagrada no mundo dos e-Sports, sendo mais relevante (em termos de rentabilidade e de público) até mesmo do que meu tão idolatrado Rainbow Six Siege. Por mais que o jogo me cause irritação, principalmente quando, em sala de aula, preciso mandar um moleque (e menina também!) sair do game e guardar o celular, sei e tenho que admitir que, às vezes, os alunos o jogam por vislumbrar nele alguma forma honesta de se manterem financeiramente no futuro, talvez, até mais garantida do que com os ensinamentos que lhes trago em Língua Portuguesa.
Abraços e até breve!
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