Saudações, meus caros nerds rpgistas de plantão! Tudo bom convosco? Há alguns meses, escrevi um post exaltando a nova onda de crescimento da prática do jogo de RPG de mesa no Brasil. Na ocasião, citei, brevemente, que grande parte disso se deve à adesão da comunidade aos vários jogos que são viabilizados por meio de financiamentos coletivos. Hoje, abordarei esse assunto um pouco mais a fundo.
Em síntese, uma plataforma de financiamento coletivo (ou crowdfunding, termo em inglês) é um site ou aplicativo que possibilita que pessoas ou empresas arrecadem dinheiro para bancar qualquer tipo de projeto, tais como a criação de produtos, causas sociais, formação de empreendimentos, entre outros objetivos. Para tanto, conta-se com as contribuições voluntárias de diversas pessoas que, por conta do apoio, podem ou não receberem algum tipo de recompensa por isso.
Nos últimos anos, plataformas de financiamento coletivo como Catarse e Meeple Starter se tornaram verdadeiros berços criativos para projetos independentes no Brasil. E poucos segmentos abraçaram essa revolução tão fortemente quanto o mercado de jogos de RPG. Mais do que uma alternativa, o financiamento coletivo hoje é praticamente o motor que impulsiona a produção nacional, permitindo que ideias antes impensáveis saiam do papel e ganhem vida nas mesas de jogadores. Também, graças a essas plataformas, muitos títulos internacionais são licenciados, traduzidos e disponibilizados a nós.

Não é exagero dizer que, sem o crowdfunding, muitos dos RPGs brasileiros simplesmente não existiriam. Editoras, autores independentes e até pequenos grupos de entusiastas passaram a usar plataformas para apresentar suas propostas diretamente ao público, oferecendo não apenas o produto final, mas também uma experiência de construção coletiva, onde os apoiadores se sentem parte ativa do processo ao acompanharem a evolução do jogo conforme as metas propostas vão sendo batidas e liberando novos acessórios e brindes aos participantes. Décadas atrás, a produção de um jogo era um “tiro no escuro” para todos os envolvidos (autor, editora, distribuidor), pois, se o jogo não emplacasse, o prejuízo era certo e enorme!
Por meio de financiamento coletivo, autores não têm medo de arriscar em projetos inovadores ou baseados em nichos específicos. Em vez de seguirem uma “fórmula mágica” com mais chances de êxito (tal como um RPG medieval de fantasia ambientado na Europa, por exemplo), podem se dar ao luxo de tentarem a publicação de jogos alocados em cenários totalmente fora do padrão convencional. Quem imaginaria, há 10 anos, que teríamos sistemas inteiramente baseados em folclore brasileiro, afrofuturismo, cyberpunk amazônico, dramas urbanos inspirados na nossa realidade ou de heróis baseados nas entidades das religiões de matriz africana!?

Apesar dos muitos méritos, é impossível ignorar que o financiamento coletivo também tem seus problemas. Atrasos se tornaram quase uma tradição nesse meio. Projetos que prometiam entrega em seis meses acabam, muitas vezes, levando dois, três ou até mais anos para serem concluídos. Além disso, há uma discussão recorrente sobre a profissionalização dessas campanhas. Nem todos os criadores possuem preparo logístico, financeiro ou até psicológico para lidar com a pressão de gerir um projeto desse porte. E, infelizmente, casos de projetos mal geridos, comunicação precária ou, em situações mais graves, abandono do projeto, ainda acontecem.
Uma solução que diminui consideravelmente a chance de passar por esse tipo de frustração é acompanhar pessoas influentes na comunidade de RPG que têm acesso aos autores e responsáveis pelas editoras para indagá-los sobre a inserção de novos jogos no mercado. Conforme dica já dada anteriormente, recomendo, bastante, o trabalho feito pelo Rodrigo Ragabash – que possui canais no Youtube e Twich TV com esse mesmo nome – no seu quadro Giro da Semana, onde, além de apresentar novos jogos em potencial, entrevistando diretamente os autores, traz e disponibiliza uma planilha super detalhada sobre o andamento de vários financiamentos, atualizando-os semanalmente. Tenha certeza de que ver essas lives influenciará na sua decisão de participar ou não de uma campanha.

Por fim, gostemos ou não, o financiamento coletivo não é mais uma tendência passageira, e, sim, uma realidade consolidada. Pessoalmente, acredito que isso trouxe mais benefícios do que prejuízos para o cenário de RPG no Brasil. Jamais que alguém cogitava que um livro de RPG algum dia tivesse preços tão acessíveis; taí o resultado: nunca se produziu tanto, nunca se debateu tanto, nunca se jogou tanto! Com a profissionalização desse tipo de ação, bem como o cumprimento das promessas e prazos estipulados, esse hobby maravilhoso, em alguns anos, “furará a bolha”, atingirá outros públicos e deixará de ser um nicho exclusivo de nerds.
Abraços e até breve.
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