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Andrea Bocelli no Pacaembu: um toque na alma

Andrea Bocelli no Pacaembu: um toque na alma

Olá, queridos leitores. Há duas semanas, tive uma das melhores experiências da minha vida. Simplesmente, o melhor show que já assisti. Criamos uma expectativa por dois meses: ouvindo as canções, pesquisando sobre o artista, procurando outras versões das canções, enfim. Todos os dias, falávamos algo sobre esse tão aguardado espetáculo.

Posso dizer que foi além das nossas expectativas. Realmente, de arrepiar.

Estou falando do show do cantor Andrea Bocelli, que aconteceu na Mercado Livre Arena Pacaembu, no sábado, dia 22 de novembro.

Pacaembu, para meu coração alvinegro, sempre foi uma “casa”. Mas, estava curiosa para ver as mudanças que foram e ainda estão sendo feitas. Pude ficar em um setor, com uma perspectiva diferente das que já havia tido. Chegamos lá por volta das 18h, escolhemos um dos melhores lugares, bem de frente para o palco e num plano sensacional, sem qualquer obstáculo à nossa frente.

Com uma vista privilegiada, curtimos uma noite maravilhosa!

 

Aguardamos o início do show pacientemente. Posso dizer que quase nem percebemos o tempo passar. O início do show teve um pequeno atraso, mas a espera valeu a pena, cada segundo.

Primeiro, foi feita uma retrospectiva do cantor: seu início, suas participações no teatro, sua evolução em sua carreira. Tudo para preparar o clima para receber Andrea Bocelli no palco. Em seguida, o palco da Arena recebeu a Orquestra do Theatro São Pedro. Para quem não se familiarizou com o nome, essa Orquestra é a mesma da qual os músicos se apresentam nos Concertos Candlelight. Quem nos acompanha sabe que já fiz duas publicações sobre esses Concertos. Vocês podem conferir em Candlelight: Experiência Além das Expectativas e Candlelight: Tributo a Bruno Mars.

Uma breve retrospectiva sobre o cantor, para entrarmos no clima do espetáculo….

 

Logo após, entraram os músicos da Escola de Música do Estado de São Paulo – EMESP Tom Jobim, que se apresentou com o cantor, de forma esplêndida. Ambos, orquestra e coral, foram regidos pelo pianista e maestro italiano Carlos Bernini, grande amigo do cantor. Por fim, o palco da Mercado Livre Arena Pacaembú recebeu ele, Andrea Bocelli e seus convidados.

Que noite!

Ao som de “La Traviata”, “Nessun Dorma”, “Canto de La Tierra” e outros clássicos atemporais, foi uma noite onde me senti em outra época. Eu sempre gostei de óperas, mas ao vivo é muito diferente, indescritível, de verdade.

O show contou com a participação de convidados especiais como a soprano Mariam Batistelli, que de uma forma extremamente bela e harmoniosa, cantou clássicos com uma voz estonteante e potente. Me atrevo a dizer que é uma das melhores sopranos que já ouvi, se não for a melhor. A violonista Rusanda Panfili também entrou no palco e arrasou, principalmente com o tema de Piratas do Caribe. Junto à orquestra, a apresentação foi cheia de vida e de uma harmonia maravilhosa.

Para tornar o feriado especial, uma belíssima apresentação do cantor Andrea Bocelli com Mariam Batistelli….
A violonista Rusanda Panfili e sua belíssima apresentação….

 

Na segunda parte do show, pudemos contar com a cantora brasileira Sandy e sua bela interpretação de Vivo Per Lei, um clássico na apresentação desse dueto. Deixo aqui uma observação e muitos não concordarão comigo. Mas, antes de dizer, quero deixar bem claro que gosto da cantora, já fui fã dela, acho a voz dela excepcional, porém, acredito que ela não deveria ter cantado em português. Sei que muitos não concordarão por ela ser uma cantora brasileira, mas como eu disse, é minha opinião. Acredito que teria ficado bem mais harmonioso se não fosse em português.

Por último, tivemos a cantora norte-americana Pia Toscano, com o clássico All By Myself na apresentação solo. Confesso que no dueto, na primeira canção, a apresentação dela não teve uma presença significativa. Mas, na apresentação solo, a voz dela foi de uma presença absurda. Muito bom mesmo!

Sandy, ao lado de Andrea Bocelli, com sua voz belíssima e muito bem estruturada…. (fonte: https://www.uol.com.br/splash/noticias/2024/05/26/sandy-andrea-bocelli.htm)
Pia Toscano marcou presença com sua interpretação da canção “All by Myself”… (fonte: Crítica: Andrea Bocelli transforma feriadão em espetáculo e emociona multidão no Pacaembu – Portal Leo Dias)

 

Não posso deixar de dizer também que, em algumas canções pudemos presenciar um casal dançando no palco. Infelizmente, não consegui descobrir o nome deles, mas a apresentação deles, sem dúvida nenhuma, tornou tudo mais misterioso e romântico.

Confesso que fiquei muito emocionada com a interpretação da música “Aquarela” em italiano. Essa música significa muito para mim, pois foi tema de um trabalho na faculdade de Letras, onde nós interpretamos essa canção em Libras. Então, amei a interpretação dessa canção em italiano. Ficou muito linda!

Como eu disse a vocês, sempre fui fã não só de óperas e de músicas italianas, como de grandes clássicos de cantores famosos, como Elvis Presley. No decorrer do show, fiquei muito emocionada, pois ganhei três canções de presente: “Torna a Surriento”, “Can´t Help Falling in Love” e “Nessun Dorma”. Então, vou trazer um pouco da história dessas três canções para vocês.

Um Pouco de História…

A canção napolitana tem origem lendária, associada tanto ao herói grego Enéas, que teria fundado Partênope ao se encantar com o golfo de Nápoles, quanto à sereia Partênope, cujo canto de amor proibido teria inspirado esse estilo musical. Historicamente, há registros desde o século XIII, com serenatas e trovadores que uniam poesia e música.

No século XVI, destacaram-se as villanella, canções de corte que influenciaram o melodrama e a ópera lírica. Após perder popularidade, a canção ressurgiu no século XIX com compositores como Salvatore di Giacomo e Libero Bovio, impulsionada pelo festival de Piedigrotta, sendo “Te voglio bbene assaje” atribuída a Donizetti a obra marcante desse período. No século XX, ganhou projeção mundial com intérpretes como Luciano Pavarotti e músicas célebres como Funiculì Funiculà, O Sole Mio e Santa Lucia Luntana. Apesar disso, sua tradição corre risco, pois exige o dialeto napolitano, enquanto muitos músicos preferem compor em italiano padrão para maior alcance.

O estudo dessas canções revela sua força emotiva, marcada por drama, paixão e intensidade.

Torna a Surriento

A canção “Torna a Surriento” é um dos maiores símbolos da música napolitana. Foi composta em 1902 por Ernesto De Curtis, com letra de seu irmão Giambattista De Curtis, e registrada oficialmente em 1905. A obra nasceu como uma homenagem à cidade de Sorrento, na região da Campânia, exaltando sua beleza natural — o mar azul, o perfume das flores de laranjeira e o encanto da paisagem mediterrânea. A letra é também um apelo emotivo, pedindo que a pessoa amada não vá embora e volte para Sorrento, transformando a canção em uma mistura de saudade, paixão e orgulho da terra natal.

O contexto histórico da composição está ligado à visita do primeiro-ministro Giuseppe Zanardelli à cidade. Os irmãos De Curtis teriam escrito a música para sensibilizar as autoridades a dar maior atenção a Sorrento, mas a obra ultrapassou rapidamente esse propósito político e se tornou um hino cultural.

Ao longo do século XX, “Torna a Surriento” ganhou projeção internacional e foi gravada por grandes intérpretes da música lírica e popular, como Luciano Pavarotti, José Carreras, Plácido Domingo, Mario Lanza e Robertino Loretti. A canção também recebeu versões em inglês, entre elas “Surrender”, gravada por Elvis Presley em 1961, e “Take Me in Your Arms”, popularizada por Dean Martin em 1962.

Hoje, a obra é considerada um clássico universal, ao lado de outras canções napolitanas como O Sole Mio e Funiculì Funiculà. Sua força emotiva, marcada por drama e paixão, continua a tocar profundamente os ouvintes e mantém viva a tradição musical napolitana, mesmo diante do risco de perda do dialeto original.

Partitura da canção, de aproximadamente 1900. (Fonte: https://digital.library.temple.edu/digital/collection/p15037coll1/id/927)

 

Can´t Help Falling in Love

“Can’t Help Falling in Love” é uma das baladas mais famosas de Elvis Presley, lançada em 1961 no filme Blue Hawaii. A música foi composta por Hugo Peretti, Luigi Creatore e George David Weiss, inspirada na melodia da canção francesa do século XVIII “Plaisir d’amour”. Com versos que falam sobre a inevitabilidade do amor — “Wise men say only fools rush in, but I can’t help falling in love with you” — tornou-se um hino romântico universal.

A letra transmite a ideia de entrega e devoção, comparando o amor ao curso natural de um rio que inevitavelmente segue para o mar. Por isso, a canção se tornou extremamente popular em casamentos e momentos de celebração amorosa.

Ao longo das décadas, “Can’t Help Falling in Love” foi regravada por inúmeros artistas, entre eles Andrea Bocelli, Haley Reinhart e Twenty One Pilots. Uma versão especialmente marcante foi a da banda UB40, em 1993, em estilo reggae, que alcançou grande sucesso internacional. Elvis Presley também a interpretava com frequência em seus shows, consolidando-a como uma das marcas de seu repertório.

Hoje, a canção é considerada um clássico atemporal da música popular, símbolo da capacidade de Elvis Presley de unir emoção genuína e melodia simples, e continua a emocionar gerações ao redor do mundo.

Concluindo, “Can’t Help Falling in Love” é uma canção que fala da inevitabilidade do amor, eternizada por Elvis Presley e reinventada por diversos artistas, permanecendo até hoje como um dos maiores hinos românticos da música mundial.

O filme “Feitiço Havaiano”, um clássico embalado por essa canção… (fonte: https://cnalifestyle.channelnewsasia.com/entertainment/resort-famous-elvis-blue-hawaii-movie-will-be-rebuilt-354601)

 

“Nessun Dorma”

“Nessun Dorma” é uma das árias mais famosas da ópera italiana, composta por Giacomo Puccini para o terceiro ato da ópera Turandot, escrita entre 1920 e 1924 e estreada em 1926, após a morte do compositor. A expressão significa “Ninguém durma” e reflete o clima dramático da cena: a princesa Turandot lança um desafio, ordenando que ninguém na cidade durma até que descubram o nome do príncipe Calaf, que a conquistou ao resolver seus enigmas.

Na ária, Calaf canta com confiança que, apesar da ordem da princesa, ele permanecerá vitorioso, pois ela acabará se apaixonando por ele. O trecho culmina na famosa frase “All’alba vincerò!” (“Ao amanhecer, vencerei!”), que se tornou um dos momentos mais marcantes da ópera lírica.

Embora faça parte de uma ópera complexa, “Nessun Dorma” ganhou vida própria fora dos palcos. Tornou-se extremamente popular no século XX, especialmente após ser interpretada por Luciano Pavarotti, cuja gravação foi usada como tema da Copa do Mundo de 1990 na Itália. Desde então, a ária passou a simbolizar triunfo, esperança e emoção intensa, sendo cantada em concertos, eventos esportivos e ocasiões solenes.

Hoje, “Nessun Dorma” é considerada não apenas uma peça central da ópera Turandot, mas também um ícone cultural universal. Sua melodia grandiosa e sua mensagem de vitória e amor inevitável continuam a emocionar plateias em todo o mundo, consolidando-a como uma das obras-primas da música clássica.

“Nessun Dorma” é uma ária de Puccini que une drama, paixão e triunfo, eternizada por Pavarotti e transformada em um símbolo universal de vitória e emoção.

Esta foi a imagem de anúncio de uma noite de óperas, no Teatro Paroli, em Roma… “Nessun Dorma” foi apresentada pela atriz Veronica Piveto e por outros nomes da ópera…. (fonte: https://www.flaminioboni.it/nessun-dorma-invito-allopera/)

 

Pois é, eu ficaria horas aqui escrevendo para vocês sobre esses grandes clássicos e muitos outro, mas tenho que ficar por aqui. Para encerrar, gostaria apenas de dizer mais uma vez o quão maravilhosa foi essa experiência: simplesmente o melhor show que já assisti. Quero agradecer ao meu marido, Reinaldo, por ter me proporcionado essa experiência maravilhosa. Que venham muitas outras! Até a próxima!

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Paula Vargas

É Editora e Autora do UniversoNERD.Net, Professora de Língua Portuguesa e Inglesa, Pedagoga, além de amante de leitura e Literatura,

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