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Era da Desinformação e Fake News

Era da Desinformação e Fake News

Olá, queridos amigos, colegas e leitores. Primeiramente, antes de me aprofundar neste artigo, vamos a uma definição básica do que é “Era da Informação” para depois eu abordar o que eu chamo de “Era da Desinformação”.

Na sua definição básica, “Era da Informação” (também conhecida como era digital ou era tecnológica) é o nome dado ao período que vem após a era industrial, mais precisamente após a década de 1980. Embora suas bases tenham começado no princípio do século XX e particularmente, na década de 1970, com invenções tais como o microprocessador, a rede de computadores, a fibra óptica e o computador pessoal.

Pois bem, além do Wikipédia, vários livros de autores especialistas e acadêmicos entram em consenso como essa sendo a “Era da Informação”.
Porém, eu, particularmente, acredito que já deixamos ela no final dos anos 2000 e para ser mais específico, após 2006 quando as Fake News, correntes e toneladas de informações falsas, começaram a tomar conta das redes sociais e blogs e perdeu-se o controle do que é informação dita de qualidade e bull-shit.

Como o compartilhamento de mentiras e boatos na internet podem afetar a formação do indivíduo e a sociedade?

Fake News

Não se sabe precisamente quando surgiu a primeira Fake News. Alguns dizem que isso existe desde a mídia impressa, outros dizem que já existia na Era Medieval, outros ainda, alegam firmemente que desde que o homem aprendeu a ler, escrever e contar “historias”, já existia Fake News. Outros até vão mais longe e dizem que ela está presente em outros grupos de animais desprovidos de comunicação escrita, mas isso tudo é assunto para outras discussões pois o foco do meu artigo se concentra na linguagem áudio visual e escrita da população humana.

O termo “Fake News”, ou notícia falsa, é um termo tão presente no cotidiano, mas quem viveu na década de 90, por exemplo, nunca ouvia falar disso.

Popularidade do termo

De acordo com o Google Trends, essa expressão foi generalizada em novembro de 2016, durante a eleição presidencial norte-americana.

Inicialmente, descrevia o tipo de artigo falsificado divulgado por “fábricas” de conteúdos duvidosos que exploravam os preconceitos ou opiniões já existentes dos leitores para receberem cliques com notícias sem valor ou até inventadas, como a de que Hillary Clinton teria guardado cédulas de voto fraudulentas em galpões.

A maioria dos cientistas de comunicação, mestres de línguas, historiadores e letrados alegam que a mídia tradicional é a ”mãe” da Fake News. Como eu já trabalhei em empresas que pagavam por publicações em mídia impressa ou digital, posso concordar com eles.

Seria a mídia tradicional, a mãe das Fake News?

Segundo o Merriam-Webster em “ The Real Story of ‘Fake News’ ”, o termo entrou para o uso geral no final do século 19. O post cita dois artigos de 1890 e outro de 1891 publicado no “The Buffalo Commercial” (de Buffalo, Nova York).
Esse mesmo artigo cita um fato interessante para se pensar, de que “uma das razões pelas quais notícias falsas são uma adição tão recente ao nosso vocabulário é que a palavra falso também é bem jovem. Falso foi pouco usado como um adjetivo antes do final do século XVIII. Mas, obviamente, tínhamos notícias falsas antes de 1890.”

Controvérsias a parte, ainda não conseguimos definir a data certa de nascimento das “Fake News”, porém a mais famosa delas já sabemos, pois é a “Guerra dos Mundos” que serviu até como tema de um filme clássico.

Para quem nunca ouviu falar em guerra dos mundos, o caso foi em 1938 quando na véspera do Dia das Bruxas nos EUA, o ator, diretor e produtor americano Orson Welles, criou um programa de rádio em que dramatizava uma invasão alienígena na Terra, com direito a gritos desesperados ao fundo.

A repercussão foi imensa e surgiram boatos que muitos nova-iorquinos deixaram suas casas em pânico e, segundo notícias da época, teriam tomado as ruas em desespero.

Entretanto, tudo não passou de um programa diferente de rádio, criado para divertir e não para gerar os boatos e todo o colapso que se seguiu conforme relatado pelos meios de comunicação da época.

A Era da Desinformação

Estaríamos então vivendo na Era da Desinformação?
Se hoje possuímos o fácil acesso à informação, que está disponível a um clique e grandes quantidades na web, coisa que não possuíamos antes da década de 90, somos obrigados então a ir à bibliotecas, ler e garimpar uma grande quantidade de obras para se fazer uma pesquisa ou trabalho, por exemplo.

Porque, então, estaríamos na Era da Desinformação, ao invés de ainda estar vivendo a Era da Informação ou indo para uma nova era devido ao surgimento da inteligência artificial ou processadores quânticos?
Simples, eu lhes respondo: uma era ou período é caracterizado por grandes mudanças, econômicas, sociais, religiosas ou comportamentais, surgimento de novas tecnologias e grandes descobertas também podem caracterizar uma nova era. Porém, o surgimento da tecnologia quântica ou inteligência artificial já esta sendo estudado gradativamente há muitos anos.

Embora seja uma tecnologia espantosa e muito falada nos últimos anos, ainda temos muito há desenvolver nelas e na prática, nossa inteligência artificial, embora os cientistas adorem chamá-la assim, ainda não é uma inteligência de fato e sim, um grande compendio de um banco de dados auto organizado e auto analítico, ou seja ela “aprende” de certa forma baseada no comportamento de terceiros.

No grosso modo, ela simplesmente, armazenas e organiza as informações para tomar decisões baseadas em um padrão comportamental, mas ainda limitado à certas diretrizes e dependendo da tomadas de decisões humanas para “aprender”. Por isso, para mim, está longe de ser uma inteligência legítima, está em seu desenvolvimento inicial e ainda há muito mais estudos, pesquisas, aperfeiçoamentos e muito mais a se percorrer e desenvolver.

Por isso lhes digo: não, ainda não estamos na era da IA nem quântica, assim como já existiam computadores na década de 40 mas a Era da Informação se iniciou no final da década de 70 para meados de 80. Em contrapartida, as “Fake News” não só se tornaram muito ativas atualmente, como criaram uma legião de seguidores religiosos e pessoas que aceitam a “desinformação” como sendo uma nova verdade (veja como exemplo, os terraplanistas e outras teorias conspiratórias da internet).

O JOIO E O TRIGO

Está cada vez mais difícil garimpar o joio do trigo, saber quais artigos ou noticias são corretas ou inventadas, devido à grande quantidade de sites e blogs que se copiam e às redes sociais que viralizam de uma forma espantosa.

Outro problema são os youtubers/streamers e grandes influenciadores sociais que ensinam suas “meia verdades” ou “teorias” às nossas crianças e as mesmas acreditam mais num canal de um vloger do que na própria escola ou um livro de biblioteca, por exemplo.
Por essas e outras, acredito que as Fake News se tonaram marcantes o suficiente para impactar uma mudança drástica na população e sociedade, mudança essa que está agora, neste momento, sendo ignorada por pais, professores e cientistas. E acarretará em grandes problemas futuros.

O PROBLEMA DE FATO

Um grande problema hoje é como acessar informações de qualidade, filtrá-las e ter capacidade de utilizá-las e multiplicá-las como meio racional de comunicação

A internet trouxe inúmeros benefícios para quem efetivamente quer se informar, pesquisar, comparar dados e formular teses. Porém, surgiu um grande problema com isso tudo, pois a imensa maioria das pessoas apenas recebe a informação já formada não quer ter o ‘trabalho’ de formar seu próprio raciocínio ou fazer sua pesquisa. Tornando, assim, essa informação como única fonte de um processo de formação de conceitos e ideologias.

Partindo deste princípio, a pessoa pode apenas repetir informações e isso não torna ninguém informado, apenas faz da pessoa mais uma repetidora de determinados assuntos conceituados por outras pessoas (e que em sua maioria são informações inverídicas ou equivocadas). O maior exemplo disso são os compartilhamentos nas redes sociais. Os usuários destas redes compartilham essas ‘informações’ sem nem se dar ao luxo de pesquisar se elas são ou não verdadeiras, se são oriundas de fontes confiáveis. Absorvem tais opiniões sem nenhum olhar de contestação, sem nenhum olhar crítico que possa auxiliar para uma análise mais adequada.

A preguiça de analisar tem transformado pessoas de boa formação em reprodutoras de imbecilidades, de falsidades e de publicações que se baseiam em bullshit ou Fake News. Pois é aí que entramos na prática, na era da desinformação, quando o lixo e o inverídico se disseminam de forma exponencial e isso tem acontecido muito na atualidade.

Portanto, não basta ter a informação disponível facilmente. Faz-se necessário criar um modelo de verificação de informações. Buscar em mais de uma fonte, verificar mais de uma referência, comparando-as e as analisando conforme seus conteúdos, seus argumentos e seus recursos pois ser um mero repetidor não torna você um ser informado e sim apenas mais um seguidor de formação alheia. Construa-se como ser racional! Transforme a desinformação em informação!

CONSEQUÊNCIAS REAIS

A divulgação de histórias falsas pode ter consequências serias e trágicas, como causar prejuízos financeiros, quebrar empresas, constrangimentos, depreciação, injúria e difamação de pessoas, empresas e organizações, revoluções e até guerras. Em 2014, uma mulher foi espancada até a morte na cidade de Guarujá (SP), depois de ser acusada, em boatos em redes sociais, de que sequestrava crianças. No entanto, ela era inocente.

Atualmente, todos podemos produzir e receber essas informação. Se por um lado essa possibilidade melhora a comunicação, por outro facilita a divulgação de conteúdo feito sem responsabilidade nenhuma.

Só para se ter ideia do quanto isso é contemporâneo o termo “pós-verdade” foi eleito pela Universidade de Oxford como a palavra do ano em 2016. Diz-se respeito a circunstâncias nas quais fatos objetivos e reais têm menos importância do que crenças pessoais.

A informação gera conhecimento, ajuda na construção de uma opinião e aprimora o debate público. Quantas informações falsas você já compartilhou nas redes sociais ou em grupos do WhatsApp este ano?

Não é porque algo está publicado por amigos ou em formato de notícia que necessariamente é verdade. Muitas vezes passamos para a frente algo que nem paramos para pensar de onde veio. É necessário cada vez mais cuidado e racionalidade ao ler as notícias.

Em novembro deste 2018, o Facebook e o Google anunciaram que iriam combater sites que propagam notícias falsas, impedindo que estas plataformas utilizem seus serviços de publicidade. As medidas das duas companhias surgiram após o Facebook ser acusado de influenciar no resultado das eleições dos Estados Unidos. A rede social difundiu informações falsas que teriam beneficiado Donald Trump, o candidato eleito. Entre elas uma das notícias inverídicas populares foi a de que o papa Francisco havia dado seu apoio ao candidato republicano.

BOATOS (HOAX)

Claramente, boatos já existiam mesmo antes do surgimento da escrita, o famoso “ouvir dizer” veículo de comunicação nas sociedades antigas. O rumor é uma prática que pode existir em qualquer grupo ou classe social. Basta lembrar da brincadeira do telefone sem fio, na qual uma mensagem passa de boca em boca.

Kapferer define boato como “uma proposição ligada aos acontecimentos diários, destinada a ser aumentada, transmitida de pessoa à pessoa, habitualmente através da técnica do ouvir dizer, sem que existam testemunhos concretos capazes de indicar a exatidão”

Então, porque tantas pessoas acreditam em boatos, mesmo aqueles que soam mais absurdo?

Os psicólogos norte-americanos Allport e Postman afirmam que qualquer necessidade pode dar movimento a um rumor. O desejo obstinado de se acreditar nele, nossos medos, esperanças, curiosidades, inseguranças, tensões, ideologias, crenças e preconceitos.

Outro fator é a confiança na pessoa ou veículo que transmitiu o fato. Grande parte das notícias nas redes sociais são compartilhadas por amigos e conhecidos nos quais os usuários têm confiança, o que aumenta a veracidade de uma história.

Para um boato existir, ele precisa ser propagado. Segundo Kapferer, se não houve uma ambiguidade ou se a importância ou relevância de um fato for nula para o público-alvo, não haverá a multiplicação da notícia.

Com a internet, qualquer um pode criar a informação e a colocar em tempo real em blogs, redes sociais, vídeos e fotos.

Se por um lado essa possibilidade democratiza a comunicação, por outro, facilita a divulgação de conteúdo feito sem responsabilidade. O jornalista trabalha com a credibilidade dos fatos. O compromisso com a verdade e a apuração precisa são fundamentais para o jornalismo e permitem que um veículo seja uma fonte de informação confiável e de credibilidade.

Um dos processos necessários à prática jornalística é à apuração, na etapa de checagem de informações o jornalista deve checar os dados para ver se um fato é real ou não. Para isso, ele pode realizar entrevistas com diversas fontes, levantar informações das fontes citadas, conferir dados, cruzar fatos e estabelecer conexões e contextos. Sem a checagem, o que se apresenta é um conjunto de dados que podem estar incorretos, incompletos ou que reflitam o interesse de uma pessoa e não o interesse público.

O sociólogo T. Shibutani afirmou que “o boato é o mercado negro das informações”. O uso das redes sociais representam um desafio a mais nessa questão. Agora, é possível produzir um boato e em pouco tempo espalhar a notícia para milhares de pessoas. O problema aumenta quando a pessoa só se informa pelas redes sociais.

FACT CHECK SERIA A SOLUÇÃO?

Recentemente o Google inaugurou o serviço “Fact Check”. A proposta é que o internauta que navegue pelo Google Notícias possa visualizar a tag “fact check”, que garante que a informação não é falsa e que o criador do conteúdo atendeu a determinados critérios de qualidade. A tendência é que esse tipo de serviço de verificação aumente.

Por enquanto, no Brasil, esse tipo de serviço ainda é duvidoso, visto que as duas maiores agencias de verificação de Fact Check, são de propriedade da Globo e UOL, os dois maiores veículos com record de acusações de propagação de fakenews do brasil. Na minha opinião, essa checagem é tão ou mais duvidosa do que as notificais falsas e vai gerar um mercado de compra de validação de noticias ou seja, vai piorar a situação porque será possível pagar pela checagem de uma noticia falsa. Embora as agências neguem esse tipo de operação, quem vai checá-las?

Ressalto que essa é minha opinião pessoal e não deste blog ou dos demais membros da equipe. E você, caro leitor, deixe seus comentários sobre o que acha das agências de Fact Check e sobre este artigo.

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Renato Vargas

É Administrador e Autor do UniversoNERD.Net, Analista de Negócios e de Tecnologia e também Administrador da Liga Game Brasil (liga.ga). E dono do canal "knalgameplay" no Youtube, Viciado em tecnologia e games, principalmente de simulação, construção e sobrevivência.

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