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RiME: Um Puzzle Transcendente [Sem Spoilers]

RiME: Um Puzzle Transcendente [Sem Spoilers]

Quem adotou os videogames como mais uma opção de entretenimento, sabe bem que assim como o cinema, a indústria abarrota o mercado anualmente com numerosas variações de fórmulas já consagradas, com públicos pré-definidos e expectativas de vendas mais ou menos previsíveis. Por outro lado, a indústria de games e a de cinema, em alguns contextos específicos, conseguem conduzir projetos onde o mote principal é a realização de um desejo pessoal ou compartilhado, com um grupo menor de profissionais apaixonados por uma ideia diferente. Não é raro que esses jogos apresentem traços biográficos de seus criadores.

Isto nos leva ao universo dos jogos indies, um termo que se refere aos jogos desenvolvidos por estúdios “independentes”, isto é, pequenos, que não contam com grandes estruturas orçamentárias ou equipes numerosas e não controlados por grandes players da indústria do entretenimento. O melhor que pode decorrer em ser um estúdio de games “independente” é, sem dúvida, a liberdade de criação e o fato de não precisar prestar contas a nenhum engravatado especialista em planilhas de Excel que só enxerga cifras monetárias.

rime art - RiME: Um Puzzle Transcendente [Sem Spoilers]

Nossos dois amigos subiram as colinas até chegarem a uma plataforma acima das nuvens (arte criada pela fã Vanessa Zeeb).

Sobre o indie RiME

Este é o caso do estúdio espanhol Tequila Works, fundado em 2009, que reúne profissionais oriundos do mainstream da indústria de games, dispostos à produção de jogos segundo critérios próprios, criando com gosto, como eles próprios afirmam. Seu projeto de estreia no cenário indie ocorreu em 1 de Agosto de 2012, com Deadlight Director’s Cut (Xbox One, PS4 e Steam), um jogo de sobrevivência em plataforma 2D, ambientado em cenário pós-apocalíptico tomado por zumbis. A princípio, podemos dizer que essa não é uma estreia original, entretanto, pode ser um desafio estimulante, ser original trabalhando com um tema já batido.

Em 26 de Maio de 2017, o estúdio apresentou RiME (Xbox One, PS4 e Steam), que recebeu porte também para o Nintendo Switch em novembro do mesmo ano. Vale notar que pouco tempo antes, em 11 de Abril de 2017, Tequila Works lançou The Sexy Brutale (Xbox One, PS4, Nintendo Switch e Steam), outro jogo de aventura, desta vez com visão isométrica. Confesso que fiquei bastante curioso em conhecer! Considerando os trabalhos até agora apresentados por este estúdio, podemos afirmar que o elemento constante de jogabilidade é a resolução de puzzles, algo recorrente quando se trata de jogos indies.

É com foco nesse elemento tão comum, o puzzle, que o jogo Rime se constrói com grande originalidade.

Diferente de outros jogos onde o puzzle se coloca como um elemento adicional e secundário, ou ainda, como um obstáculo a ser transposto para se conseguir avançar, em RiME ocorre uma fusão transcendente entre a narrativa, ela própria enigmática, que só vai se revelando conforme vamos tendo acesso às diferentes partes do cenário, uma grande ilha, ela própria um grande e único puzzle. Essa organicidade entre a narrativa, cenário, trilha sonora e jogabilidade, eu não me lembro de ter experimentado em outro jogo. É algo difícil de descrever com palavras essa concatenação, justamente por ser com a ausência das palavras que se constrói uma narrativa audiovisual de forte tensão emocional, que vai nos conduzindo a um desenlace altamente dramático.

rime figura2 - RiME: Um Puzzle Transcendente [Sem Spoilers]

É exatamente com foco no puzzle, que o jogo RiME se constrói com grande originalidade.

Em minha memória, a única experiência audiovisual equiparável a RiME  eu obtive assistindo o filme Nós que aqui estamos por voz esperamos (Brasil, Marcelo Masagão, 1999). Entre os games, algo mais próximo e conhecido talvez, seja o premiado Brothers: a Tale of Two Sons (Xbox 360/Xbox One, PS3/PS4, Windows, IOS e Android.), de 2013, da Starbreeze. E sim, RiME é capaz de fazer os marmanjos chorarem!

A atmosfera enigmática se impõe nos primeiros segundos do jogo, quando o personagem que você controlará (um garoto) surge acordando nas areias da praia de uma ilha e daí em diante, os enigmas só aumentam. A ilha contém a representação belíssima de ruínas de uma civilização esquecida, onde é possível notar uma tênue inspiração na arquitetura das civilizações pré-colombianas Asteca e Maia. A ilha pode e deve ser explorada, mas a direção para ir avançando os capítulos, ou seja, ter acesso às novas áreas do puzzle/ilha/narrativa, se dá de forma não menos enigmática, seguindo uma pequena raposa e avistando ao longe um vulto de capa vermelha que aparece e desaparece de tempos em tempos, fugaz.

RiME é um dos melhores jogos indies desta geração e merece atenção!

À certa altura, você se familiariza com os mecanismos da ilha e percebe que tudo está interconectado e conduzindo a um epicentro ou mecanismo central que deverá ser ativado. Nessa trajetória, haverá a necessidade de interagir com outros seres presentes na ilha, seres estes também bastante enigmáticos. A arte cartunesca, em alguns de seus elementos, revela inspiração em Hayao Miyazaki, nada menos que o diretor de A Viagem de Chihiro (2001), talvez a animação japonesa longa-metragem mais admirada no Ocidente.

rime figura3 - RiME: Um Puzzle Transcendente [Sem Spoilers]

Desfrute deste jogo e curta a trilha sonora… Vale muito a pena!

A trilha sonora é outro destaque e como sabemos, é elemento fundamental de dramaticidade. A música orquestrada nos oferece uma atmosfera que nos mantém numa tensão emocional, um misto predominante de melancolia e suspense, com picos de ansiedade e notas de descontração. A princípio, não conseguimos entender o motivo da trilha sonora ser como é, isso só se revelará ademais, como tudo no jogo, ao final!

Em suma, RiME é indispensável para os fãs de jogos indies e até mesmo para quem quer passar de 4 à 6 horas jogando algo diferente. Vale lembrar que o game foi disponibilizado na assinatura da PS Plus no PS4 para o mês de Fevereiro e também disponibilizado como uma das pérolas indies do catálogo do Xbox Game Pass.  Ou seja, está bem fácil de desfrutar desse jogão que é praticamente uma unanimidade!

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Fábio Pires Gavião

É Autor/Colaborador do UniversoNERD.Net. Professor de História e gamer na plataforma Xbox One nas horas vagas. GT: Gavian Gamer.

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