No início de 2021, o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) deu início à sua era pós-endgame com WandaVision, uma série que começou divertida, mas que perdeu um pouco de sua força ao se tornar confusa, como aconteceu com quase todas as séries da Marvel desde então. Agora, a principal vilã, a bruxa Agatha Harkness (interpretada por Kathryn Hahn), está de volta com sua própria missão.
Até agora, pelos quatro episódios mostrados aos críticos, essa história se destaca como uma das mais divertidas e bem contadas da memória recente do MCU.
Agatha All Along começa com Agatha ainda presa em algum tipo de ilusão residual em Westview. Ela é uma detetive da polícia que foi suspensa sem salário e estava estagnada até ser chamada de volta para investigar um assassinato. O caso está repleto de sinais que levam Agatha de volta à realidade, como seu antigo medalhão de bruxa de séculos atrás. Após a intervenção de outra bruxa chamada Rio Vidal (Aubrey Plaza) e um misterioso adolescente sem nome (Joe Locke). E Agatha escapa da ilusão!
No entanto, ela está sem poderes, e Rio quer matá-la por causa de um antigo ressentimento pessoal. Para evitar a fúria de Rio e de um grupo de bruxas conhecidas como as Salem 7, Agatha precisará reunir um novo clã de bruxas e percorrer a lendária Estrada das Bruxas, que ela acredita que a ajudará a “recuperar meu roxo”, como ela mesma diz no episódio de estreia.
Os dois primeiros episódios são dedicados a essa premissa, e à busca de Agatha por novas bruxas para seu clã, que consiste em bruxas renegadas como Lilia Calderu (Patti LuPone), que trabalha como cartomante em um shopping porque não consegue lidar com o establishment das bruxas; Jennifer Kale (Sasheer Zamata), uma mestre de poções que agora faz cosméticos porque sua magia foi selada por cem anos; Alice Wu Gulliver (Ali Ahn), uma guarda de loja no shopping que herdou a bruxaria de sua mãe e nunca atuou como bruxa; e Mrs. Hart (Debra Jo Rupp), que talvez nem seja realmente uma bruxa, mas é tão incrível que não nos preocupamos.
O elenco principal é uma diversão total e tem uma química incrível. Kathryn Hahn e Patti LuPone são as grandes estrelas, mas Sasheer Zamata, ex-integrante do Saturday Night Live, pode ser a arma secreta, já que ela quase iguala Hahn na habilidade de alternar entre piadas e drama. Ali Ahn tem um papel menos valorizado, pois sua personagem, Alice, tem sido profundamente azarada durante toda a sua vida adulta, sendo mais reservada que as outras bruxas, mas isso só a ajuda a transmitir seu cansaço de forma mais convincente. Embora Aubrey Plaza não se torne uma personagem principal até o Episódio 4, sua habilidade superior no humor deadpan e entregando falas de maneira seca e sem emoção.
E a tensão sexual entre Plaza e Hahn é incrível, parcialmente porque ambas são ótimas em seus papéis, e parcialmente porque o MCU é notoriamente leve em qualquer tipo de conteúdo sexual, o que faz com que essa sensação genuína de atração humana seja algo raro e revigorante na história.
Depois que o novo coven é formado, finalmente seguimos para a Witches’ Road (Estrada das Bruxas), com cada episódio forçando o grupo a enfrentar um tipo de prova de vida ou morte, que os eliminará se não trabalharem juntos para superá-la. A partir desse ponto, Agatha All Along adota essencialmente a estrutura dos filmes de Escape Room, com cada desafio sendo uma nova “sala” que precisam decifrar. Se essa comparação soa um pouco estranha para você, considere isso: A primeira prova termina com nossas bruxas rastejando dentro de um forno enquanto a sala ao redor delas se enche de água.
Ao contrário de Escape Room, porém, essas provas são personalizadas para as pessoas que as estão vivenciando, trazendo à tona traumas profundos que cada uma das bruxas, e o misterioso garoto que as acompanha, terão que enfrentar diretamente se quiserem continuar. Esses desafios têm como objetivo derrotá-los emocional e mentalmente primeiro, e só depois fisicamente, matando-os.
E considerando o tipo de pessoas de que estamos falando, indivíduos que foram criados de forma peculiar e não conseguem lidar com pessoas “normais”, pessoas que foram traídas e que estão prontas para que tudo termine e estão apenas desperdiçando tempo até que isso aconteça.
Embora o elenco reunido seja excepcional, é realmente a escrita e a estrutura que fazem Agatha All Along funcionar. Um dos grandes problemas das séries de TV do MCU tem sido a incompetência geral em contar histórias, pois elas conseguem criar cenas ótimas, mas muitas vezes falham em fazer com que essas cenas funcionem bem juntas como um todo.
Nos primeiros quatro episódios, Agatha All Along está cheia de preparações, desfechos e antecipações para desenvolvimentos futuros. Por exemplo, os Episódios 2 e 3 trazem pequenos detalhes sobre Alice e sua mãe, e então, no Episódio 4, esses detalhes se tornam o foco de sua provação. Uma série típica do MCU deixaria esses detalhes para o episódio em que eles são mais relevantes, mas Jac Schaeffer, criadora de Agatha All Along, e sua equipe de roteiristas conseguiram fazer isso de forma eficaz.
Mas isso não vai durar para sempre. Agatha All Along quase certamente vai, eventualmente, se conectar com o resto do MCU de alguma forma, onde essas conexões entre as várias partes da franquia são, supostamente, um dos principais atrativos de todo esse esforço. No entanto, após o caos dos últimos anos do MCU, e com a história principal da franquia ainda em processo de ser completamente reestruturada, não será fácil manter a qualidade até o fim.
Por fim, muitas dessas séries do MCU são divertidas por um tempo, mas acabam se desmoronando no final. No entanto, a base que esses primeiros quatro episódios estabeleceram é impressionante, e embora eu não tenha plena confiança de que a série vai terminar bem, pelo menos tenho motivos para esperar que ela possa surpreender positivamente. Divirtam-se e boa semana!
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