Olá, Queridos Leitores… Hoje estou aqui com o último post do ano e gostaria de trazer para vocês um pouco sobre uma obra pela qual sou apaixonada e encontrei recentemente na Comic Con Experience 2017 (CCXP), no formato de HQ. Me apaixonei pela apresentação da obra antes mesmo de ler. E quando comecei a ler então, confirmei tudo que achei que seria: uma viagem sensacional e alucinante! Acredito que qualquer pessoa, jovem ou mais velha, conheça a obra em questão. Quem nunca viu este diálogo:
Você acha que estou louca, Chapeleiro?
Sim. Maluca. Piradinha. Mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são assim, Alice.
Sim! Estou falando da obra Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, mas em uma versão especial em quadrinhos, adaptada por Leah moore e John Reppion, ilustrada por Erica Awano. Apesar de ser uma obra adaptada, a versão é muito fiel ao original e ainda conta com alguns extras.
Mas, antes de continuar, vamos ver um pouquinho sobre a obra?
Alice no País das Maravilhas
Esta obra nasceu de um simples passeio pelo rio Tâmisa, por volta de Julho de 1862, com Charles Lutwidge Dodgson (real nome de Lewis Carroll) e seu amigo Robinson Duckworth, onde ele conta de improviso uma história para as três irmãs Loriny Charlotte, Edith Mary e Alice Pleasance Liddell, Isso mesmo! Esta é a Alice da obra em questão! Nada é por acaso, não é mesmo? 🙂 Mas, vamos continuar…
O pai das irmãs, Henry George Lidell, era um velho amigo de infância de Lewis Carroll, o qual vivia contando histórias às suas filhas sobre o inquieto coelho branco, o gato de Cheshire e o Chapeleiro Maluco. Durante o passeio citado acima, uma história inusitada, criada com a ajuda da pequena Alice que tinha apenas 10 anos de idade, deu origem à obra. Sua publicação foi feita no final de 1865 e dela, surgiram vários outros contos paralelos e mais curtos, muitas deles lidos em rodas de familiares e amigos, no Natal e no Ano Novo. Um deles, As aventuras de Alice debaixo da terra, foi presente de Natal de Lewis para a pequena Alice.
A obra, apesar de várias reedições e traduções há mais de 150 anos, continua conhecida mundialmente.
Seus personagens ganharam várias interpretações e definições diferentes com o passar dos anos e a obra, que normalmente é encarada com caráter infantil, passou a assumir uma identidade diferente dependendo do público que a lê. A menininha curiosa e independente, Alice, passa a viver suas aventuras a partir do momento em que cai na toca do coelho e isso, passa a ser coisa de gente grande: a responsabilidade de muitas decisões passam a ser vitais para sua sobrevivência em uma terra cheia de acontecimentos bizarros e inebriantes.
Segundo o professor da Universidade de Kingston, Will Brooker, cada geração interpretou a obra de acordo com a cultura do momento. Na década de 1930, foi a vez da psicanálise freudiana tentar descobrir tudo que podia estar oculto no texto. Na década de 1960, o “País das Maravilhas” foi encarado com uma grande viagem psicodélica, em um momento em que a sociedade se via diante do avanço do LSD. Aliás, a lagarta com seu narguile gigante é uma grande apologia às drogas e alucinações que as mesmas podem causar.
Porém, em 1990, levantou-se a hipótese de uma possível pedofilia, das fantasias de Carroll terem uma proximidade muito perigosa com as crianças. Além de escritor, poeta e matemático, também era um excelente fotógrafo e seus trabalhos mais conhecidos eram fotos de meninas, registradas em poses sensuais e Alice era uma delas. Alguns afirmam que, devido à época literária, essa era uma das características do período: as fotografias, na maioria das vezes de meninas virgens e púdicas, em poses sensuais. Porém, nenhum estudo comprovou nada contra Carroll, que além de tudo era extremamente religioso.
O aspecto fundamental é que a clássica obra de Lewis Carroll é contraditoriamente simples e complexa, mórbida e otimista, inocente e inteligente… tudo ao mesmo tempo.
A obra tornou-se tema de inúmeros teses, objetos de estudos psicanalíticos e foi homenageada com exposições. Percorreu palcos de teatro, balé, virou desenho animado, filmes e quadrinhos. E é sobre isso que quero falar hoje: Uma obra que adquiri recentemente, na CCXP, da editora Mythos, publicação de 2014.
Os Quadrinhos
Um exemplar belíssimo, em capa dura, com 183 páginas e impresso em papel especial, contém uma mistura de mangá e quadrinho convencional, com imagens marcantes de várias partes da história e de personagens principais e secundários. Com literatura externa extremamente presente, que vai desde a aparição do personagem Humpty Dumpty (Inglaterra – 1810) até a presença de características das Fabulas de Esopo, principalmente a personificação humana atribuída à animais, como fala, aspectos sociais, entre outras.
Além disso, a obra está repleta de simbologias, muito bem retratadas em suas imagens. Por exemplo, conceitos da época do autor: digamos que é o lado real do país, Inglaterra, surreal. As falsas aparências, as críticas à violência (“Cortem-lhe a cabeça!”), as críticas à autores e colegas; o amadurecimento de Alice, através de suas transformações ao longo da obra (ela cresce e diminui), são metáforas que indicam o início da puberdade, o que leva à inúmeras interpretações psicanalíticas; a crise de identidade de Alice (nem ela mesmo sabia quem era), da indícios da filosofia de existencialismo de Jean-Paul Sartre (1905-1980); vários exemplos dão indício da matemática aplicada (Lewis Carroll era matemático), como o gosto por enigmas e pensamentos lógicos, ao mesmo tempo em que alguns pontos da história são completamente irracionais.
A obra ainda conta com material extra, que veremos a seguir:
A Poesia do País das Maravilhas: são quatro poesias que retratam desde o passeio das três irmãs pelo rio Tâmisa, em que Alice devaneia sobre o País das Maravilhas, até a obra Alice Através do Espelho. É um marco para a literatura, pois foi nesse momento que nasceu uma das maiores obras literárias.
As Vespas e Perucas Perdidas: este é um capítulo que foi cortado da obra Alice Através do Espelho, simplesmente porque o ilustrador se negou a desenhar a heroína, uma vespa de peruca, mais uma obra da imaginação fértil de Lewis Carroll. Assim, uma parte ficou perdida por muitos anos. Como diria a Rainha de Copas: “Cortem-lhe a cabeça!”. Realmente, a cabeça foi cortada…
A Criação do País das Maravilhas: uma amostra da adaptação do clássico às páginas finalizadas. Todo o processo, desde a escrita do roteiro, o processo de adaptação dos personagens e cenários, o esboço do ilustrador até o processo finalizado. Muito interessante e pode nos dar uma ideia de suas adaptações para o teatro, para um espetáculo de balé, ou para qualquer outra forma de apresentação.
Por Dentro do País das Maravilhas: uma entrevista bem rápida com os adaptadores da obra Leah Moore e John Reppion e com Brian Hofacker, da Dynamic Forces, a livraria responsável pela divulgação desta obra.
Bem, sei que sou muito suspeita, por amar literatura, mas recomendo a todos a leitura desta obra, ou até mesmo do original. É um clássico divertidíssimo que vai muito além da versão contada em desenhos animados. É uma clássica obra reflexiva e muito eloquente. Não é a toa que era lida em rodas de leitura, entre familiares e amigos, em forma de pequenos contos em várias culturas diferentes.
Espero que vocês tenham gostado. Me despeço de vocês, com esta história belíssima que por muitos anos foi contada justamente nesta época… Desejo a todos um Feliz Ano Novo, repleto de sucesso, saúde e o mais importante de tudo: amor no coração!!! Ah… e uma pitadinha de imaginação!
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