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Quem É Você: Dr. Jekyll Ou Mr. Hyde?

Quem É Você: Dr. Jekyll Ou Mr. Hyde?

Olá, queridos leitores. Hoje estou aqui para falar sobre um assunto sério, mas que nos levará à algumas reflexões. Para abrir este artigo, tenho uma pergunta a vocês: durante o dia-a-dia, vocês são mais Dr. Jekill ou mais Mr. Hyde? Na minha opinião, todos temos os dois lados, porém, alguns manifestam mais um destes lados do que o outro em sua personalidade. Então, vamos iniciar o assunto.

Não estão entendendo nada, né? Pois bem! Quantas vezes vocês já ouviram falar assim: “Nossa, de repente, ele ficou transtornado!” ou “Parecia outra pessoa!” Ou, melhor ainda: quem já assistiu aquele curta do personagem Pateta (acredito que todos que fizeram curso de formação de condutores), em que ele sai em uma manhã tranquila e bonita e, de repente, vira outra pessoa no trânsito, completamente transtornado e nervoso, como se tivesse uma fera escondida dentro dele? Estão rindo, né? É exatamente disso que estou falando: os momentos em que afloramos aquele nosso pedacinho de personalidade escondido, onde colocamos para fora tudo que está guardado ou todos nossos desejos reprimidos.

E, vou falar para vocês uma coisa: na maioria das vezes, são situações que não terminam muito bem, mas fazem parte da natureza humana e temos que saber lidar com isso.

Assistam, abaixo, o vídeo ao qual me referi no parágrafo anterior. É divertido, apesar de antigo e retrata muito bem o que acontece com as alterações de comportamento do indivíduo. Também aborda a questão da múltipla personalidade e seus desejos mais íntimos, muitas vezes reprimidos. O vídeo pertence ao divertido canal The Best Kids Cartoon Movies e, infelizmente, não tem legendas em português. Entretanto, não compromete a compreensão e a diversão dos acontecimentos. Relaxe e se descontraia para prosseguirmos.

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Mas, para poder continuar discorrendo sobre o assunto, quero contar um pouquinho sobre a história, até para quem não conhece, saber do que estou tratando de fato. Apesar de ser um tema do qual sou bastante apaixonada, tentarei não me prolongar muito a respeito… :). Vamos lá?

Um pouco de história, antes de tudo

Para quem não sabe, Dr. Jekill and Mr. Hyde, ou “O Médido e o Monstro“, é uma obra de literatura, do período vitoriano, que teve sua primeira publicação em 5 de janeiro 1886. Uma época extremamente moralista e com grandes chances de expansão econômica, política e literária.

O período vitoriano foi considerado de muitas mudanças no âmbito geral do país. A personalidade inglesa aflorou, seus hábitos, tradições, costumes diários, enfim. Por outro lado, houve uma exaltação do pensamento pudico e hipócrita. Quanto mais nobre, mais sujeira se descobria. Vamos dizer que foi uma sociedade que viveu de aparências, para que vocês tenham uma visão mais clara a respeito.

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Londres, no período Vitoriano… Uma cidade passando por muitas mudanças e com tantos segredos.

Esse período, 63 anos ao todo, foi um dos mais longos, mas também um dos mais significativos, pois resultou na expansão do império britânico e na independência dos Estados Unidos da América.

Mas, vocês podem estar se perguntando o que tem a ver o tema deste artigo com tudo isso, ou porque me desviei do assunto um pouco. Digo a vocês que tem tudo a ver e me desviei um pouquinho para vocês entenderem onde a história de Dr. Jekill e Mr. Hyde se encaixa nisso tudo.

A Origem da História

A obra Dr. Jekill and Mr. Hyde é de terror psicológico que aborda as múltiplas personalidades do ser humano e, apesar de ser considerada uma obra de terror, também é considerado um romance, pois o período vitoriano foi considerado romântico, graças a um casamento arranjado, rejeitado pela Rainha Vitória.

A história é sobre um médico escocês, muito respeitado na sociedade e que dedicava-se ao estudo da psiquê humana, seus sentimentos e comportamentos mais obscuros. Este médico cria uma droga que, ao ser ingerida, liberta um “animal” escondido sob a figura de um homem civilizado.

É como se esse ‘animal’ fosse a manifestação de seus instintos e desejos mais profundos, reprimidos pela sociedade e repleta de seu falso moralismo.

Como eu disse anteriormente, a história se desenvolve em um período onde o pensamento pudico e hipócrita estava em destaque. Notem que a figura do Mr. Hyde surge para romper com esse pensamento: a imagem de um “animal” oprimido em uma “capa” de moralidade, imposta pela sociedade. Nessa mesma época, as diferenças sociais começaram a ficar evidentes também!

Só uma fato curioso: Mr. Hyde, vem do inglês hide (esconder), ou seja, a personalidade escondida de Dr. Jekill.

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Mr. Hyde, sempre nas sombras… O lado obscuro da psiquê humana.

Enquanto Dr. Jekill é um verdadeiro gentleman britânico, super educado, dedicado aos estudos e pesquisas, visando o bem-estar da sociedade, íntegro e honesto com todos, desde seus empregados até seus amigos ou conhecidos, Mr. Hyde é o oposto: uma figura monstruosa, que se entrega aos prazeres da vida, principalmente à luxúria, não hesitando em exercer a força física para conseguir o que deseja.

A Trama

A obra original foi escrita pelo escocês Robert Louis Stevenson e publicada, como já disse acima, originalmente em 1886. Na obra, a narrativa gira em torno de um advogado londrino, Gabriel John Utterson, que investiga estranhos fatos ocorridos entre seu amigo Dr. Henry Jekill e o perverso Mr. Edward Hyde. Na verdade, a obra se intitula “Strange Case of Dr. Jekill and Mr. Hyde” (em português, “O Estranho Caso de Dr. Jekill e Mr. Hyde ou em algumas versões, O Médico e o Monstro).

A história se passa em Londres e começa durante um passeio entre o Sr. Richard Enfield e seu parente, o advogado Gabriel Utterson. Na ocasião, o Sr. Enfield encontra com a figura do Sr. Hyde, homem feio, com o rosto deformado, antipático e com um aspecto um tanto quanto grotesco. Gabriel, em um primeiro momento, se preocupa, pois seu cliente, médico respeitado, Dr. Jekyll, dias antes disso, havia colocado Mr. Hyde como o beneficiário de seu testamento. Inquieto, Gabriel vai a um jantar na casa de seu cliente e discute com ele sobre o assunto. Dr. Jekyll garante a ele que está tudo sob controle e pede que ele não se preocupe.

Um ano depois, Mr. Hyde espanca um homem até a morte e a bengala, objeto usado no crime, foi a mesma com a qual Gabriel presentou seu amigo, Dr. Jekyll. Após esse incidente, vários acontecimentos estranhos passaram a se suceder, levando Dr. Jekyll à reclusão em seu laboratório.

Porém, com a ajuda do mordomo, Gabriel invade o laboratório e encontra Mr. Hyde caído no chão, vestindo as roupas de Dr. Jekyll e uma carta explicando o ocorrido ao lado do corpo.

Em uma experiência, Dr. Jekyll tenta separa seu lado bom de seus impulsos mais sombrios, fazendo uso de uma poção que o transformava em uma figura grotesca, sem escrúpulos nenhum, periodicamente.

No início, Jekyll aproveitou a liberdade moral para fazer coisas que estavam em seu interior reprimidas, mas após algumas vezes, perdeu o controle sobre as transformações.

O estoque da poção acaba e, com o tempo passando, o médico não consegue recriar. No desespero, ele sabia que na próxima vez em que se transformasse, não haveria volta e ficaria preso na figura do monstro.

O falso Moralismo e a Psiquê Humana

Nessa obra é bem nítida a guerra interna do homem entre o Bem e o Mal, o que é certo e o que é errado, o que a sociedade diz que é certo e o que diz que é errado. Esses são questionamentos que acompanham a natureza humana ao longo da História: se há um monstro dentro de nós…

… Como controla-lo e qual o caminho que devemos seguir?

Em meio a contos trágicos, através da figura de Dr. Jekyll, duas forças se chocaram e determinaram o destino do personagem. Como ele mesmo coloca, no livro: “os dois lados de mim eram tremendamente consequentes” (1997, p.49), ou seja, podemos dizer que são duas metades de sua inteligência: a moral, que é resumido a todo o conservadorismo e a intelectual, que é sua busca pelo conhecimento.

Graças a isso, o médico chega à seguinte conclusão: não somos um único ser, mas dois.

Observem que a transformação de Dr. Jekyll e Mr. Hide é o símbolo do conflito entre os códigos e regras impostos pela sociedade e os impulsos íntimos do indivíduo. Notem que Dr. Jekyll não era tão bom assim, pois quando se transformava em Mr. Hyde cometia atos horrendos: estupros, mortes, roubo, violência e depravação. Ou seja, tudo isso estava em seu íntimo, escondido, minando algo ruim por dentro.

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Talvez, ele visse algo muito ruim, quando olhava no espelho… Algo em sue interior.

O que o médico não descobriu, em suas pesquisas, é que a união entre esses dois lados era impossível. Levou o médico à morte prematura e indireta, pois devido ao uso descontrolado da substância que criou, perdeu o controle sobre as transformações. Dessa forma, Mr. Hyde, seu lado mais forte, prevaleceu como forma de punição de sua entrega à luxúria, perversão sexual, assassinato e aos seus desejos secretos.

A obra e suas apresentações

Essa obra foi um sucesso imediato e uma das mais vendidas de Stevenson. Várias adaptações teatrais foram feitas e a partir do livro, filmes e peças foram inspirados. O autor de literatura Stephen King, considerou a obra como um dos três grandes clássicos do gênero, junto com “Frankenstein e Drácula”.

Hoje, essa obra se encontra em domínio público e está disponível na internet, em Língua Inglesa. Além disso, inspirou episódios de desenhos animados e jogos eletrônicos.

Reflexão

E essa é uma reflexão que quero deixar para vocês:

Todos temos um Dr. Jekyll e um Mr. Hide. Qual a linha de equilíbrio entre eles?

O próprio médico preferiu libertar-se do estereótipo social. E esse, acredito, é o grande dilema do ser humano: negar os prazeres pessoais e em troca viver de aparências. Não estou dizendo para que as pessoas saiam matando, roubando ou que cometam qualquer tipo de violência, mas sim, para que não vivamos de aparências. Libertem-se! Vivam sem prejudicar ninguém, esse é o discurso.

São dois sentimentos opostos: conformismo ou libertação. Qual você escolhe?

Até a próxima!

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Bibliografia: STEVENSON, Robert Louis. O Médico e o Monstro. São Paulo: Ática, 1997.

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Paula Souza

É Editora e Autora do UniversoNERD.Net, Professora de Língua Portuguesa e Inglesa, amante de leitura e Literatura, além de gamer nas horas vagas.

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