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Um Olhar Mais Crítico Para Essa Juventude Brasileira Que Se Forma Atualmente

Um Olhar Mais Crítico Para Essa Juventude Brasileira Que Se Forma Atualmente

É de nível histórico e pauta para os estudos sociológicos, a fase a qual estamos vivendo atualmente no Brasil, no campo das relações sociais e comportamentais dos brasileiros. As transformações são efervescentes e seguem paralelas ao amadurecimento de uma nova geração que nasceu e nasce ao berço de uma era altamente tecnológica e informatizada. E é a respeito dessa nova geração que segue este artigo, com o intuito de tentar fazer uma análise mais crítica de questões que envolvem o mundo dos jovens no século 21.

Se for feito uma análise simples das gerações passadas, descritas nas vidas dos nossos pais, avós e bisavós, veremos que houve uma infinidade de mudanças na vida da população e no modo de interação desta com as questões do seu meio. Cada geração viveu um período histórico diferente, mesmo que num espaço de tempo relativamente curto. Pois no Brasil, em especial, os últimos anos são marcados fortemente por transformações econômicas, políticas e culturais que influenciaram diretamente na vida dos brasileiros.

Um exemplo bem clássico disso foram as migrações em massa que ocorreram no século XX de trabalhadores rurais em direção aos centros urbanos brasileiros.

Esse episódio, conhecido por Revolução urbano-industrial, alterou estritamente as relações de trabalho das pessoas, bem como excluiu e formou novos hábitos de convivência. Analisar a nossa juventude não é um trabalho fácil, pois vivemos numa sociedade complexa e diversa.

Além disso, essa geração sofre um processo de amadurecimento, mudanças e duvidas constantes!

O que se torna difícil estabelecer generalizações ou fazer algumas afirmações concretas acerca de características que definem a juventude atual do nosso país. Mas de qualquer forma, é de grande importância tentar entender um pouco esse fenômeno que rodeia todos nós, pois são muitos aspectos que definem e ao mesmo tempo distinguem a juventude atual da juventude de algumas décadas atrás.

Para compreendermos melhor a formação dessa nova era de jovens, deve-se considerar a eclosão da Revolução Técnico-científica. Processo que ocorreu no Brasil em meados de 1950 e que se caracteriza por grandes saltos na área técnico-científica. É importante considerarmos isso, porque os resultados desse fenômeno contribuíram para moldagem de uma nova era de pessoas. Uma grande teia de indivíduos conectadas a todo momento e que se aliam ao desenvolvimento de uma sociedade moderna e globalizada.

Outro ponto essencial deste quebra-cabeça que não poderia ficar de fora, por ter emergido desenfreadamente em nosso cotidiano é o uso das drogas e consequentemente, seus ácidos reflexos na sociedade. O uso das drogas não é novo, porém é factível seu crescimento nos dias atuais. Fruto principal do descaso social, deficiência dos aparatos públicos (essencialmente, de uma educação de qualidade), falta de investimentos e permeados por uma política brasileira corrupta e acanhada aos reais interesses da massa. Desta forma, aprofundou-se o caos social ente ao crescimento exponencial da desigualdade.

Várias são as formas em que este caos é manifesto, porém no cotidiano de muitos jovens brasileiros, destaca-se na explosão descontrolada do tráfico e uso de drogas, a violência como resultado.

Outro ponto significativo é que numa visão generalista e até fértil, mas bem interpretada, pode-se observar que há uma forte dualidade no comportamento dos jovens em relação à conduta pessoal tomada por estes para gerir seu presente e de certa forma, o seu futuro. Por um lado, uns se preocupam em estudar, planejar-se, entrar no mercado de trabalho, até mesmo migrar para as capitais onde as oportunidades são maiores e tentar ingressar em um ensino universitário. Por outro lado, na mesma intensidade, jovens tomam a via oposta da conduta citada primeiro, virando as costas quando o assunto é se desenvolver acadêmica e profissionalmente.

Escolhendo viver sobre o sustento dos pais o maior tempo que puder, afogando-se na internet por horas desmedidas, deixando os estudos de lado e contentando-se com empregos mal assalariados ou trabalhos baixos, expondo sem receios a forma que pretendem levar suas vidas. Numa explicação sucinta, as justificativas para esta dualidade sustentam-se dentre outras coisas na forma em que foi moldada a educação durante o crescimento e claro, com quais aparatos familiares foi criado o caráter destes indivíduos.

Juventude e as redes sociais

Falar sobre o Brasil não é fácil. Nosso país é continental e abriga cerca de 207 milhões de pessoas, que são dividas em regiões com cultura e história diferentes. Entretanto, a internet hoje configura-se com o principal veículo de divulgação midiática, quebrando as barreiras nacionais e internacionais. Em função disto, a mesma acaba ignorando as particularidades regionais e tendem a homogeneizar boa parte dos seus usuários, na sua maioria jovens, que incorporam rapidamente as inovações divulgadas, como: estrangeirismos, moda, música, linguagem e as tendências em geral. O que pode ser considerado um problema, mas não é esse o foco.

A nossa juventude na internet é, acima de tudo, potente, enérgica e influente nas redes sociais. Ela é complexa e quando os internautas assumem determinada posição, a defendem com todas as suas garras; já quando rejeitam outras acabam por zoar infinitamente através dos chamados “memes”. Este último termo mencionado é uma grande tendência da internet que ganhou uma notoriedade sistemática, sendo hoje, umas das principais mídias compartilhadas das redes sociaiss, principalmente pelo Facebook.

Os memes ocupam várias formas (gifs, fotos, vídeos) e não há limites para o tema, pode ser político, artístico, ou simplesmente algo novo do cotidiano que caiu na risada do povo. Os mesmos têm o objetivo de gerar gargalhadas ou até mesmo a reflexão do consumidor, usando muitas vezes da zoeira para fazer uma grande crítica à alguma questão da sociedade de forma descontraída. Essa potência toda se deve a um fator importante: a quantidade de usuários conectados instantaneamente por determinada quantidade de tempo.

Sobre isso, o Brasil desponta como o terceiro país do mundo que fica mais tempo online no smartphone, segundo uma pesquisa feita pelo GlobalWebIndex divulgada em 2015.

Olhando por esse cenário, a internet ocupa também o papel de cimentar as bases, já meio enfraquecidas, do coletivismo brasileiro. Esse senso de comunidade, por diversas vezes, cria base nas redes sociais (na medida que compartilhamos a foto de alguém desaparecido, por exemplo) e expande, em medidas extravagantes, o ideal requerido de cidadania, justiça e democracia. Não há como listar aqui todos os benefícios que a internet propicia à sociedade devida sua imensidão; o que a torna um imponente aparato de manutenção da justiça e legalidade, papel que notoriamente não é bem executado em nossa atual conjuntura. Por exemplo, é bem comum usar as mídias sociais para demonstrar insatisfação à alguma irregularidade de certo serviço.

Nesse contexto, pode-se dizer que cada usuário tem o seu Procon, Anvisa, Imetro, defensoria pública, juizados, tutelares, departamentos de polícia… nas palmas das mãos (não é para tanto, todavia, as coisas no Brasil parecem só funcionar quando há alguma repercussão), uma vez que utilizada de maneira clara e consciente, gera bons resultados. São através de vídeos gravados pelo smartphone e enviados à rede que muitos apelos ganham repercussão (inclusive na mídia televisiva, outro importante veículo de apoio popular local) e só assim, uma posterior resolução. A esse fato e relacionados a acontecimentos atuais, podemos citar: denúncias de abusos de poder por parte de militares; especulações e mais tarde, comprovação da venda de combustíveis alterados, que ganhou um olhar especial no ápice da greve dos caminhoneiros; negligências médicas e emissão de socorro no campo da saúde; confrontos em manifestações (apesar das coberturas da TV, nas redes sociais esses tipos de informações são mostrados por uma visão mais real); corrupções em diversas esferas sociais… e mais uma infinidade de coisas.

Esse fluxo de informações, dados e opiniões permite o fomento de discussões ideológicas e políticas. Algumas destas se alastram rapidamente, dispensam as telas e ganham as ruas na forma de protestos.

Em antemão à cidadania que ganha roupagem nova nas redes sócias, ascendeu-se meios criminosos que utilizam da rapidez do fluxo de informações para criação e proliferação de notícias falsas, as famosas fakenews. Não são notícias falsas quaisquer, são verdadeiros projetos que visam o alcance acelerado do público por meio de títulos chamativos sobre assuntos improcedentes envolvendo alguma pessoa, instituição ou qualquer assunto de relevância no momento. Os intuitos dessas notícias são diversos, mas principalmente visam ganhar clicks (e necessariamente dinheiro). Em segundo plano, muitas dessas comunidades criminosas articulam-se (por vezes, sendo até contratadas) para prejudicar uma figura pública ou até mesmo uma causa social, como pode-se citar as fakenews envolvendo a vereadora Marielle Franco, após sua morte e a respeito da greve dos caminhoneiros. Os efeitos são muitos negativos, tanto pela dimensão enorme que ganha, quanto porque são absorvidos e compartilhados por muitos usuários sem um mínimo de contestação e confirmação da veracidade das informações apresentadas. Outro reflexo perigoso desse fenômeno é seu alto potencial de gerar outros crimes, como perseguições e homicídios a entidades diversas vítimas das notícias falsas.

Independente desse e de outros atos criminosos, temos a total certeza de que a internet é uma terra boa e cheias de mistérios ainda inexplorados. Existe a convicção de boas chuvas para fortalecer o solo onde a nossa juventude contemporânea está sedimentada. Não resta dúvidas que dessa terra, outros milhares de bons frutos cresceram e por falar em bons frutos, podemos citar a emancipação da sociedade brasileira numa verdadeira revolução popular, mediados pela busca de reformas estruturais completas para melhoria de vida da população. Pode até demorar, mas há de haver seu tempo!

Jovens no mundo do crime

O tráfico de drogas no Brasil é um dos principais causadores da superlotação das penitenciárias. Segundo dados confirmados pelos governos de 25 estados brasileiros e dos tribunais de justiça, 1 de cada 3 presos correspondem a crimes relacionados às drogas. Assim, muitos jovens são inseridos neste mundo sombrio para o agrave da questão, número que cresce assustadoramente.

O estudo dos fatores que levam ao aumento da inserção jovem na criminalidade monta um mapa complexo, mas não desconhecido. As principais características das figuras associadas à criminalidade têm raízes essencialmente econômicas e históricas, pois os dados revelam que dentre os jovens brasileiros prepondera a seguinte sequência: homens, adolescentes, negros, pobres e de baixa escolaridade. Segundo dados levantados pelo SINASE, Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, o perfil dos jovens envolvidos com ilegalidades são: 90% são homens, 76% tem entre 16 e 18 anos, 51% não frequentavam a escola, 81% vivia com a família, 66% possuem condição de baixa renda e 85,6% possuíam envolvimento com drogas.

O que se faz necessário considerar é a importância da atuação do uso e tráfico das drogas, como agente auxiliador na promoção de práticas criminais no Brasil. Práticas essas que ano a ano aumentam o grau de violência. “Antes eram pequenos furtos e brigas, hoje é estupro, roubo à mão armada, tráfico e homicídios” revela Ana Paula Amaro da Silveira, juíza da Vara da Infância e da Juventude.

Nestes casos, os dados são apenas a comprovação de fatos dos quais, muitas vezes, já temos a total convicção. É corriqueiro vermos em reportagens na TV que há um certo “rejuvenescimento dos responsáveis” pelos roubos, assaltos, latrocínios e homicídios na atualidade, o que fomenta a necessidade de buscar aplicar medidas que alterem esse cenário. Segundo os dados de 2015 do SINASE, houve um aumento de 58,6% no número de jovens cumprindo medida privativa de liberdade, totalizando 25.868 jovens. Esse aumento é baseado em dados comparados a seis anos atrás, (2009) quando eram apenas 16.940. As causas que justificam a inserção de tantas pessoas ao mundo dos crimes de forma tão prematura são várias e perpassam na ordem pessoal, familiar, social, política e econômica.

E que pode ser explicada da seguinte forma:

A acentuada inserção dos jovens na vida criminosa pode ser facilitada dentro do próprio ambiente familiar, na medida que a mesma não exerce o papel de garantir a educação e os valores a seus membros. Um jovem que nasce numa família desestruturada está mais suscetível a cometer infrações. Assim, em sua vida escolar, este indivíduo já encontra dificuldades em se inserir neste novo meio social, pois não recebeu a atenção familiar necessária. Sem motivação e incentivo, os estudos tornam-se cada vez mais desinteressantes, desta maneira, o lugar onde deveria servir para sua formação acadêmica e ajudar no seu crescimento pessoal passa a ser visto com uma obrigação chata e sem valor, aumentando a evasão escolar.

A formação acadêmica, hoje, é de extrema importância para garantir a entrada digna no mercado de trabalho. Com a falta desta formação, as coisas só pioram, primeiramente estes indivíduos ficam à margem das discussões político-ideológicas e das questões da sociedade. Por fim, só são admitidos em trabalhos mal assalariados e sem as mínimas seguridades de direitos.

As desigualdades sociais, que são muitas, apresentam-se como uma das principais forças que atuam contra esses jovens; a falta de uma boa qualidade de vida, boa alimentação e de serviços básicos, como: segurança, saúde, esporte e lazer, encubam-se em puxar esses jovens para o final da fila. Sem falar que muitas dessas pessoas foram condicionadas a trabalhar desde cedo para ajudar no sustento da família. Ao longo dos anos, esta criança se torna um adolescente sem ter acesso e conhecimento dos seus próprios direitos e sem receber uma assistência governamental efetiva. Nosso país pouco se importa em investir em melhorias no serviço da educação, assim, as políticas públicas de incentivos passam longe de ser prioridade do governo.

Sem motivação familiar, sem educação, sem incentivo governamental a tendência é, sem dúvidas, a multiplicação exponencial da desigualdade social.

O jovem cresce mais um pouco e sente esta desigualdade mais de perto com a seletividade do acesso ao consumo. Eles novamente são excluídos, na medida que não podem obter certos serviços e comprar as roupas da moda, os sapatos de marca, os automóveis e eletrônicos que tanto almejam obter. É nesta fase que o apelo ao consumo exerce seu triunfante papel, divulgando um “enxame” de propagandas e recursos de marketing que incentivam, de certa forma, o consumo conspícuo, desnecessário e inconsciente. Podemos, então, dizer que é mais ou menos nesse ponto que criminalidade se apresentam como uma boa alternativa para alguns. Forma-se então, a parcela da juventude que escolhe viver de forma fácil, ostentatória e sem mais esforços para vencer essa condição que lhe foi submetida. Grande parte deles são movidos pela abstinência que as drogas propiciam; valendo salientar que cada pessoa responde por suas escolhas e apesar das dificuldades, apenas o próprio indivíduo é responsável pela maneira que ele escolhe levar a sua vida.

Assim, no âmbito pessoal, são os valores e o caráter destes indivíduos que sentenciaram as suas escolhas, ou o do mundo do crime ou o da honestidade. Na escolha da primeira, este jovem começa praticando furtos, assaltos e traficando para viver e, ao mesmo tempo que ameaça a sua liberdade, compromete a vida de pessoas honestas que escolheram a segunda opção desse paradigma. Um ciclo onde, infelizmente, pessoas acabam sendo vitimadas pelas ações criminosas de outras pessoas, que também foram vitimados, só que pelo sistema. Estes, por fim, encontram facilidades ao contar com a impunidade da estrutura penal brasileira e com péssimas condições de segurança pública. Enfim, é um caos.

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Mauro Sancer

É Colaborador do UniversoNERD.Net. Estudante empenhado na busca de seus sonhos. Fundador do Canal Nerdlândia no Telegram e apreciador do mundo NERD.

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